O projeto nasceu de uma minuciosa pesquisa que durou 6 meses feita pelo poeta, pesquisador, produtor, compositor e escritor carioca Euclides Amaral, que tem, na bagagem, contribuições no “Dicionário Houaiss Ilustrado da Música Popular Brasileira” e no renomado Instituto Cultural Cravo Albin, além da autoria do livro “Alguns Aspectos da MPB”, entre outros lançamentos de poesia e contos.
Em dezembro de 2012, me encontrei casualmente no Rio de Janeiro, com Victor Biglione, mais precisamente na bela livraria Bossa Nova & Companhia, localizada em Copacabana, bem na esquina do famoso “Beco das Garrafas”, onde ele me confidenciou que quando entrou no Brasil, com apenas 5 anos de idade, fez sua entrada pelo porto de Santos. E, por esta razão, ele tem um grande carinho pela nossa cidade.
Isso aconteceu no ano de 1964, quando seus pais, militantes do Partido Comunista Argentino, tiveram que sair do país e escolheram o Brasil para residir.
Com 238 páginas, o livro é distribuído em 22 capítulos e conta as principais e mais importantes passagens familiares e musicais da vida do guitarrista, sempre carregadas de muitas emoções. Nem poderia ser diferente.
A música entrou na sua vida, no início da década de 70, quando começou a tocar violão, por influência de um amigo hippie da sua mãe e, alguns anos mais tarde, se interessou pelo aspecto social do Rock e do Blues, como me declarou.
Já como guitarrista, passou pelo CLAM, escola de música idealizada pelo Zimbo Trio (que anos atrás foi desfeito, passando a se chamar Amilton Godoy Trio) e com uma carta de recomendação de peso, assinada pelo maestro Tom Jobim, ingressou na famosa Berkelee College Of Music, localizada em Boston, nos Estados Unidos.
Já no final da década de 70, definido musicalmente, se apresentava como guitarrista, violonista, produtor musical, compositor e arranjador.
E, pelo seu talento ímpar, Victor Biglione consegue transitar sem nenhuma restrição entre os gêneros Jazz, Blues, Fusion, Bossa Nova e o Rock. Além de ter, na veia, inspiradas composições para trilhas sonoras do cinema, TV e teatro.
Luiz Melodia, Marina Lima, Sérgio Mendes, Gal Costa, A Cor do Som, Wagner Tiso, Lee Konitz, Cássia Eller, Leila Pinheiro, Marcos Ariel, Zé Renato, Léo Gandelman, Zélia Duncan, Chico Buarque, Andy Summers, Marcos Valle e Jane Duboc são apenas alguns nomes importantes que participaram da sua trajetória musical de sucesso.
Com mais de 80 composições autorias gravadas e mais de 30 discos solos, Victor Biglione pode ser considerado um músico completo, com várias premiações e indicações importantes.
Ao ler as páginas do livro, você vai poder se deliciar com vários artigos, entrevistas, matérias publicadas, capas de discos, discografia e surpresas, como o ensaio sugerido pelo músico ao autor, “A contribuição estrangeira na MPB”.
O genial Victor Biglione será uma das grandes atrações do Rio Santos Jazz Fest 2017 e se apresentará em Santos no dia 29/04 no Teatro Guarany, a partir das 21 horas. Show imperdível!
Victor Biglione – “The Gentle Rain”
Este belíssimo CD do guitarrista Victor Biglione, foi lançado em 2013 pelo selo independente carioca Rob Digital e contou com 8 faixas sensacionais.
Foi o 30º lançamento da sua carreira de muito sucesso e é uma homenagem ao tema clássico do violonista Luiz Bonfá, infelizmente esquecido no nosso país.
Ao lado do contrabaixista Sérgio Barrozo e do baterista André Tandeta (que foram companheiros de Biglione por 10 anos), o disco traz gravações ao vivo, feitas entre os anos de 2000 e 2010, em importantes palcos cariocas, como o Mistura Fina, a Toca do Vinícius e a Maison de France.
E traz, também, a participação especial, em uma faixa, do músico Zé Lourenço, no Orgão Hammond.
Prepare-se para ouvir os improvisos de tirar o fôlego de Victor Biglione, citações do Jazz, da Bossa Nova, registradas sem retoques, nas apresentações vividas pelo músico, num dos períodos mais inspirados da cena musical da cidade do Rio de Janeiro.
Destaque para os temas de Bossa Nova, “Por Causa De Você”, “Batida Diferente”, “Eu Sei Que Vou Te Amar” e “Wave” e os de Jazz, “The Gentle Rain”, “Take Five”, “Au Privave” e “Bag`s Groove”, que contou com a participação do convidado especial.
A capa do CD também merece destaque pela beleza. É uma pintura feita pelo desenhista uruguaio Lan, que também está radicado no Brasil e é um grande fã de Victor Biglione.
Se você gosta de improvisos incríveis e surpreendentes, o CD “The Gentle Rain” é um raro exemplar oferecido e executado por um dos guitarristas mais competentes deste planeta. Além de ser um ser humano incrivelmente gente boa.
Victor Biglione – “Violão de Aço Brasil”
Numa das minhas passagens pela cidade do Rio de Janeiro, me encontrei com o guitarrista Victor Biglione, no Bairro de Copacabana, e lá recebi, das suas mãos, seu mais recente CD, lançado de forma independente no ano de 2015 e distribuído pela Tratore.
Ele homenageia o violão de aço que tem uma sonoridade incrível e é uma de suas grandes especialidades.
Devemos lembrar suas importantes gravações com o instrumento, ao lado de João Bosco, Andy Summers e Marcos Valle.
Para Biglione, com o aparecimento da Bossa Nova, o violão de aço no Brasil passou a ser utilizado mais como acompanhamento e, então, a ideia do CD é mostrar que a sua sonoridade se encaixa nas diversas fases da nossa MPB e até mesmo com o Tango.
Eclético por formação, ele dá um verdadeiro show de interpretação e seus improvisos são vigorosos e muito inspirados, valorizando sua proposta.
Mais de 25 músicos participaram das gravações, com destaque para Marcos Ariel e David Feldman nos pianos, Jorge Helder e Sergio Barrozo nos contrabaixos acústicos, Arthur Maia e Neil Teixeira nos contrabaixos elétricos, Victor Bertrami e Andre Tandeta nas baterias, Claudio Infante e Marcos Suzano nas percussões e Carlos Malta nos sopros.
Não deixe de ouvir “Insensatez”, “Wave”, “Amazonas”, “As Rosas Não Falam”, “Muié Rendeira”, “Fé Cega, Faca Amolada” e “Por Una Cabeza”.
Na minha opinião, Victor Biglione é um dos principais guitarristas deste planeta, além de criativo compositor e é muito bonito ver o quanto ele ama o nosso Brasil.
Nascido na Argentina, ele é brasileiro de coração e o músico que mais acompanhou e gravou com os maiores nomes da nossa MPB. Ama o nosso país, o Rio de Janeiro e o bairro de Copacabana.
Neste encontro, na companhia do também genial contrabaixista Luiz Alves, tive a honra de ter ele como guia pelas ruas de Copacabana e com ele pude conhecer lugares importantes no bairro, onde a Bossa Nova fez sua história e continua fazendo.
Um destes locais foi onde funcionou o “Au Bon Gourmet” que recebeu a única temporada da história que reuniu num mesmo palco em 1962, Tom Jobim, João Gilberto, Vinicius de Moraes e Os Cariocas. Conhecer este templo foi um grande emoção para mim.
Obrigado Victor Biglione, por seu incrível talento e imensa simpatia.