Com uma vitória conseguida apenas na última nota, a escola de samba Acadêmicos do Tatuapé foi a grande campeã do carnaval de São Paulo este ano. Após homenagear o continente africano, a Acadêmicos do Tatuapé conseguiu nota dez na quase totalidade dos quesitos e conquistou o primeiro ligar na disputa.
A escola de samba teve como tema Mãe África Conta a Sua História: Do Berço Sagrado da Humanidade à Abençoada Terra do Grande Zimbabwe. Apenas nos últimos instantes os membros e torcedores da escola puderam comemorar o resultado.
Até a nota do penúltimo jurado, quem vencia era a escola Dragões da Real. Com uma homenagem à famosa música do cantor Luiz Gonzaga, a escola que ficou em segundo lugar teve o tema Dragões Canta Asa Branca.
As notas, lidas nesta tarde no Sambódromo do Anhembi, foram atribuídas por 36 jurados, quatro para cada um dos nove quesitos.
Na última e penúltima colocação, as escolas Águia de Ouro e Nenê de Vila Matilde foram rebaixadas para o Grupo de Acesso. De acordo com as regras, os critérios de desempate seguiram a ordem inversa dos quesitos que foram anunciados: fantasia, bateria, comissão de frente, mestre sala e porta bandeira, harmonia, alegoria, evolução, enredo e samba enredo.
Em instantes, começa a apuração das escolas que desfilaram no Grupo de Acesso, das quais as duas mais bem colocadas irão para a elite do carnaval paulista em 2018.
No ano passado, a escola Império da Casa Verde, que começou a apuração em primeiro lugar, foi a campeã do grupo especial.
Samba forte
“Acho que o samba enredo com o canto forte da escola foi o nosso grande diferencial”, falou o carnavalesco Flávio Campello, que em seu primeiro carnaval pela Acadêmicos do Tatuapé, levou a escola a conquistar seu primeiro título pelo grupo especial de São Paulo, em 64 anos de história.
Para ele, a vitória deste ano pode ser explicada também pelo “diferencial que é o trabalho que a escola desenvolve com a comunidade, ensaiando arduamente. Desde agosto, a direção de harmonia da nossa agremiação ensaia as alas individualmente”, disse Campello a jornalistas, durante a festa na quadra da escola, no Tatuapé, na zona leste da capital.
Na conquista do primeiro título da escola, ele usou a África como enredo. “A comunidade, após o vice-campeonato de 2016, pedia para a escola ter como enredo alguma coisa com temática africana. E para mim foi um desafio enorme porque até então eu nunca tinha feito um enredo com essa temática. Esse foi o primeiro e foi muito gostoso de trabalhar com essa temática e tenho certeza que a comunidade deve estar muito feliz. Foi um presente para eles”, disse o carnavalesco.
Festa
A festa na quadra da escola começou antes mesmo do resultado da apuração, quando os foliões comemoravam cada nota anunciada. Após o resultado, a festa continuou com a bateria e o samba enredo campeão. A bateria só parou de tocar quando a taça chegou na quadra, por volta das 19h15, e o presidente Eduardo dos Santos fez um discurso para agradecer e comemorar a vitória.
Segundo a Liga Independente das Escolas de Samba dos grupos especial e de acesso do Carnaval de São Paulo, a escola nasceu em outubro de 1952, com o nome de Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé. Ela foi fundada por Osvaldo Vilaça, o Mala, e seus amigos. A escola tinha, nessa época, o nome de Unidos de Vila Santa Isabel, em referência e homenagem ao local onde foi fundada, a Vila Santa Isabel.
Em 1964, a escola passou a se chamar Acadêmicos do Tatuapé. Ela viveu uma fase de declínio nos anos 80 e, em 1986 teve que paralisar suas atividades. Em 1991, a azul e branco do Tatuapé voltou ao carnaval paulistano. Em 2003 a escola foi a campeã do grupo de acesso com o enredo “Abram alas para o Rei Abacaxi” e depois de 28 anos, voltou ao Grupo Especial de São Paulo. Em 2006 foi rebaixada e, em 2013 ela voltou ao grupo especial. No ano passado ela foi vice-campeã, a melhor colocação até então em sua história.
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