Compositor, maestro, pianista, violonista, cantor e arranjador. Simplesmente completo.
Vinte e dois anos se passaram da sua partida, mas seu legado musical ainda permanece forte e latente nos dias atuais e não tenho dúvidas de que toda sua obra, gigantesca e riquíssima, permanecerá viva para sempre entre nós. A primeira vez que Tom Jobim viu um piano foi quando tinha apenas 14 anos. A música entrou na sua vida como uma simples brincadeira e se tornou uma de suas maiores paixões.
Mesmo tendo iniciado o curso de Arquitetura, ele sempre soube que a música seria o seu caminho único e definitivo.
Na Universidade da Vida conseguiu atingir todos os objetivos: reconhecimento, admiração, premiações.
Mesmo com tudo isso, nunca perdeu sua simplicidade e a sua peculiar provocante sinceridade.
Tom foi um dos principais e mais influentes criadores do movimento da Bossa Nova, compondo e cantando com muita inspiração o Amor, o Sorriso e a Flor.
Foi também um dos pioneiros e principais ecologistas deste país, se tornando um defensor aguerrido da natureza, da nossa fauna e flora e através das suas músicas, retratou com perfeição várias cenas de um Brasil real, possível e próspero.
No dia 25 de janeiro de 2017, ele completaria 90 anos de vida e a cidade de Santos vai fazer uma sensível homenagem ao nosso Maestro Soberano, dentro das atividades do RIO SANTOS BOSSA FEST, que vai acontecer entre os dias 23 e 25 de janeiro nos Teatros Guarany e do SESC.
Nossa homenagem ao querido e saudoso maestro Tom, um ser humano genial, iluminado, diferente e sem dúvida muito especial. Aproveito para desejar para todos os amigos leitores da Coluna um Feliz Natal, repleto de Paz, Saúde e sempre com muita Música!
Antonio Carlos Jobim – “The Composer Plays”
A primeira vez que ouvi este disco foi quando tinha 14 anos, ainda no formato LP e tenho que confessar que nunca me esqueci da sonoridade mágica das suas 12 faixas instrumentais.
É um dos trabalhos de Tom que mais gosto. Na verdade, sou suspeito, pois toda a discografia do maestro é perfeita e inquestionável.
Este disco foi lançado originalmente em 1963, pela gravadora americana Verve e foi o 1º. trabalho de Tom Jobim lançado nos EUA, numa época em que a Bossa Nova estava em alta por lá e contou com a produção do genial Crede Taylor, que apresentou e recomendou a participação do também genial arranjador alemão Claus Ogerman.
Os solistas principais: Leo Wright na flauta, Jimmy Cleveland no trombone, George Duvivier no contrabaixo, Edison Machado impecável na bateria, uma imposição de Tom, para preservar a nossa batida exclusiva e uma orquestra de cordas afinadíssima.
O resultado musical foi perfeito e dessa parceria com Ogerman nasceu uma afinidade/amizade que durou 17 anos (1963 – 1980), possibilitando a realização de vários discos primorosos.
Não tenho dúvidas de afirmar que Claus Ogerman tornou-se o arranjador predileto de Tom, afinal foi com quem ele mais trabalhou ao longo da sua carreira.
Em 1964, o mesmo disco foi lançado no Brasil pela gravadora Elenco, com o título “Antonio Carlos Jobim”, inclusive com uma capa diferente da original.
Não deixe de ouvir este trabalho único e definitivo de Tom Jobim, hoje já disponível em formato de CD, totalmente remasterizado.
Garanto que será amor à primeira vista, ou melhor, amor à primeira audição.
Jobim – “Antonio Brasileiro”
Antonio Brasileiro foi o último trabalho de Antonio Carlos Jobim. Um verdadeiro testamento musical de um artista acima da média e sem comparações.
Curiosamente, acabou sendo lançado no mercado alguns dias depois da sua morte, alcançando muito rapidamente sucesso de crítica e público.
Não por esta razão, pois o trabalho é memorável e com várias surpresas muito agradáveis e marcantes, reforçando toda a universalidade de Tom Jobim.
A primeira surpresa que destaco foi a gravação de “Insensatez” ao lado de Sting, contando também com a participação do contrabaixista Ron Carter.
Também “Samba de Maria Luiza” e “Forever Green”, que contaram com a participação muito especial da sua filha caçula Maria Luiza, que encantou e não desafinou, mesmo sendo uma garotinha na época da gravação.
Para encerrar, “Blue Train”, ou para nós brasileiros simplesmente “Trem Azul” numa versão de emocionar, que contou com um solo mágico do flugelhorn do também saudoso Marcio Montarroyos e também o inspiradíssimo tema instrumental “Radamés & Pelé”.
É um daqueles discos que não cansamos de ouvir e que marcou em alto estilo a despedida do nosso querido e eterno Maestro Soberano.
É para sempre Tom! Saudades!