Passou muito rápido e confesso que nem senti que vamos completar 5 anos de vida. Foram 1.825 dias de trabalho ininterruptos, 24 horas no ar, transmitindo pela internet, com uma programação diariamente renovada, com o melhor do Jazz, Bossa Nova, Instrumental Brasileiro, MPB e o Blues.
Em 11/11/11, precisamente às 11h11, a Rádio Jornal da Orla/ Digital Jazz estreou, numa ousada parceria, que sempre teve como objetivo levar a música de qualidade a um maior número de pessoas, de forma democrática e sem nenhum tipo de restrição.
A cada dia uma nova programação, com dias e noites vividos sem rotina, com muita pesquisa e acima de tudo um grande prazer de levar até você uma seleção musical que possa lhe fazer companhia. Em qualquer lugar deste planeta.
A rotina da rádio começa bem cedo, com uma média de 3 a 4 horas de trabalho para elaborar a programação de 24 horas e para baixar as músicas do meu acervo físico de mais de 10.000 CD’s, que, aos poucos, vão sendo incorporados ao acervo da rádio.
Um trabalho silencioso, solitário, que ninguém vê ou imagina, mas que continua sendo, para mim, extremamente prazeroso e gratificante.
A rádio pode ser sintonizada através da internet, através dos portais do Jornal da Orla – www.jornaldaorla.com.br ou da Digital Jazz – www.digitaljazz.com.br, que, inclusive, atingiu a marca expressiva de 9.000 visitas por mês. O acervo musical da rádio também continua crescendo diariamente e já conta com mais de 40.000 músicas, marca que poucas rádios no mundo conseguiram atingir. Sem dúvida, isso é o grande diferencial do veículo, garantindo sempre uma programação inédita e qualificada.
Outro ponto importante de informação é a coluna da Rádio Jornal da Orla/Digital Jazz, publicada todas as semanas na edição do final de semana do Jornal da Orla, hoje atingindo a marca de mais de 280 publicações, destacando vários assuntos musicais e os grandes lançamentos destes gêneros mais elaborados. E para comemorar o quinto aniversário da rádio em grande estilo, no dia 24/11, quinta-feira, das 20h00 às 23h30, no charmoso Baxter’s Bar do Clube dos Ingleses, teremos mais uma edição do Projeto Jazz Soul Blue Jam Session, com a apresentação do Trio+Um e a participação especial de diversos músicos convidados, que vão mostrar um repertório especial dos grandes clássicos do Jazz.
O projeto faz parte das atividades permanentes do Rio-Santos Bossa Fest e do Rio-Santos Jazz Fest, festivais que acontecem em Santos, nos meses de janeiro e abril, respectivamente.
Continuo firme com a minha missão e todos os dias agradeço por tantas coisas boas e pelos bons amigos musicais que fiz nesta trajetória cultural de mais de 30 anos de trabalho.
Os parabéns e agradecimentos são dedicados a você, que nos acompanha diariamente na rádio ou semanalmente aqui na coluna e que é a verdadeira razão da minha existência.
Viva o Jazz, a Bossa Nova, o Instrumental Brasileiro, a MPB e o Blues. Viva a música, que tem o raro poder de aproximar e transformar a vida das pessoas! Gratidão!
Wanda Sá – “Cá Entre Nós”
Em grande estilo e recebendo vários convidados especiais, na verdade amigos do coração, a cantora e violonista paulistana de alma carioca, Wanda Sá, lançou recentemente pelo selo carioca Fina Flor, um disco com 11 faixas, produzido por ela mesma e que contou com a direção de produção de Regina Oreiro.
Ela é considerada como uma das pioneiras da Bossa Nova e acompanha o movimento desde o seu início, quando tinha apenas 16 anos. Primeiro, como fã de carteirinha dos primeiros encontros e shows, e, anos depois, como uma de suas principais protagonistas. Foi aluna e depois professora da famosa Academia de Violão de Roberto Menescal e Carlos Lyra, seus grandes mestres e padrinhos musicais.
Seu disco de estreia “Wanda Vagamente” (1964) é uma referência marcante até os dias de hoje nos quesitos estética (a capa do disco é sensacional, tem a cara e a alma da Bossa Nova) e também no musical.
Já o disco de 2016 traz no repertório várias declarações de amor ao Rio de Janeiro, que é uma cidade musical por natureza. Talvez por suas lindas e inspiradas paisagens e também por uma musicalidade à flor da pele, que encontramos a cada esquina da cidade.
O disco teve as participações especiais de Ivan Lins, Roberto Menescal, Ricardo Silveira, Nelson Faria, Eloi Vicente, Quarteto do Rio e Chico Batera. E também dos seus fiéis escudeiros Adriano Giffoni e Zeca Assumpção no contrabaixo, João Cortez na bateria, Adriano Souza e Alfredo Cardim no piano.
Destaque para as composições inéditas “Em Tempo, Eu Te Amo”, de Carlos Lyra, a faixa título “Cá Entre Nós”, de Roberto Menescal/ Wanda Sá e “Uma Simples Canção” de Ivan Lins/Nelson Motta. O tema “Entardecendo” de João Donato/Marcos Valle, gravado pela primeira vez com a letra na bela voz de Wanda Sá.
Os temas “Rio de Maio”, “Samba Pequeno”, “Fotografia” e “The Nearness Of You” também ganharam versões muito marcantes e inspiradas.
Dona de uma voz maravilhosa e uma levada no violão apaixonante, Wanda Sá mostra vigor e sentimento nas suas interpretações, no repertório muito bem equilibrado, que prestigia o cancioneiro da Bossa Nova.
Um banquinho, um violão, Wanda Sá e a Bossa Nova para sempre no coração.
David Feldman – “Horizonte”
A música entrou muito cedo na vida do incrível e jovem pianista carioca David Feldman. Com apenas 4 anos de idade, ele já dedilhava o piano, recebendo aulas de piano clássico e, anos mais tarde, teve a sorte, merecimento e a grande honra de ser um dos principais discípulos do genial pianista Luiz Eça, do Tamba Trio.
Gravado de forma independente, este é o terceiro CD de carreira (o primeiro de 2009 foi uma homenagem ao Beco das Garrafas, o segundo, de 2014, uma homenagem ao seu instrumento, o piano), deste que considero um dos pianistas mais completos que já vi tocar.
Tive a sorte de vê-lo tocar ao vivo por duas vezes. Uma no mítico Bottle’s Bar, numa canja especial do Circuito Carioca de Bossa Nova, num show do Paulinho Trompete e outra ao lado do quarteto do guitarrista Ricardo Silveira, no Fest Bossa & Jazz em Pipa/RN. Duas incríveis apresentações, que são inesquecíveis para mim.
Não é nenhuma novidade dizer que ele é um dos músicos mais requisitados do momento, já tendo atuado ao lado de Leo Gandelman, Leny Andrade, Ricardo Silveira, Leila Pinheiro, Jacques Morelenbaum, entre outros nomes importantes.
Ao ouvir o disco, que traz 10 faixas, sendo 7 composições autorais, que contou também com 3 testemunhais de peso no encarte de Ivan Lins, Rosa Passos e Carlinhos Brown, podemos sentir que ele cada vez mais reforça a ideia de sempre gravar suas inspiradas composições autorais.
O disco foi gravado ao lado do seu trio formado pelos excepcionais músicos André Vasconcellos no contrabaixo, Marcio Bahia na bateria e contou com as participações muito especiais de Toninho Horta no violão e voz e Raul de Sousa no trombone.
Destaque para as suas composições autorais “Melancolia”, “Navegar”, “Adeus”, “Esqueceram de Mim no Aeroporto” e “Slinding Ways”, que contou com a participação especial de Raul de Souza e “Tetê”, que contou com a participação muito inspirada de Toninho Horta. As releituras das conhecidas “Chora Tua Tristeza” e “Céu e Mar”, ficaram sublimes também. O tema “Soccer Ball”, com as presenças de Horta e Raul, ficou incrível também.
Pitadas do Jazz, do Samba Jazz, do Samba e muito lirismo com nítidas influências do piano clássico, marcam a sonoridade do disco.
A Música Instrumental Brasileira ganha mais um belo registro e o pianista David Feldman merece todo nosso respeito e admiração pela sua ousadia, talento e inventividade. Técnica e criatividade muito acima da média, que enchem nosso coração de esperança. Mostrando que a música faz a vida valer a pena.