O processo de mudança em uma sociedade democrática costuma ser lento e nem poderia ser diferente. Afinal, mudanças exigem debates e participação de todos os segmentos. Não é uma tarefa fácil. É evidente, no entanto, que o Brasil está mudando e mudando para melhor. A Operação Lava Jato, antes impensável, e a crise econômica têm sido fatores decisivos para acelerar esse processo.
 

Durante a semana, por exemplo, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que réus com processo na corte não podem ocupar cargos na linha sucessória da Presidência da República. Parece o óbvio, mas no Brasil em que tudo sempre foi possível, trata-se de uma medida salutar e que vai impedir que políticos enrolados com a Justiça assumam a presidência da República.
 

De imediato a decisão do STF atinge diretamente o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que responde a diversos processos e tem sido citado com frequência por delatores da Lava Jato. Depois do nefasto Eduardo Cunha, parece que finalmente está chegando a hora de Calheiros acertar as contas com o Poder Judiciário.
 

Independentemente de nomes, o importante é que a decisão do STF surge como um sopro de ar puro para limpar a fumaça nebulosa da malandragem que existe no Congresso Nacional. Anteriormente o STF já havia barrado o financiamento de campanhas políticas por parte de empresas – acabando com as propinas oficiais disfarçadas de doações em muitos casos. A campanha ficou mais equilibrada, limpa e os próprios empresários que se viam achacados também se beneficiaram.
 

Enfim, o STF tem adotado decisões importantes, mas é preciso maior rapidez na ação contra políticos que têm o chamado “foro privilegiado”, outra jabuticaba brasileira. Como já dissemos, o processo de mudança é lento e o STF tem uma ação mais conservadora. Mas ainda assim temos plena convicção de que o processo de avanço da sociedade brasileira é irreversível e que um dia ainda chegaremos lá!