Notícias

A epidemia da obesidade

15/10/2016Da Redação
A epidemia da obesidade | Jornal da Orla
A obesidade é hoje um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A projeção da Organização Mundial de Saúde é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso e mais de 700 milhões, obesos. O número de crianças com sobrepeso, e obesidade poderá chegar a 75 milhões, caso nada seja feito. O problema é tão preocupante que ganhou até uma data: 11 de outubro, Dia Mundial de Combate à Obesidade.
 
A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade – ABESO – lançou o manifesto “Obesidade eu trato com respeito”, destacando que se trata de uma doença que tende a piorar com o passar dos anos, caso o paciente não seja submetido a tratamento adequado e contínuo. Além de reduzir a qualidade de vida, pode predispor a doenças como diabetes, doenças cardiovasculares, asma, gordura no fígado e alguns tipos de câncer. 
 
Estudos revelam que a maioria da população do planeta vive em países onde o sobrepeso e a obesidade matam mais pessoas do que o baixo peso. Mudanças no estilo de vida e hábitos alimentares podem estar relacionados ao crescimento dos números. 

Estamos mais gordos
No Brasil, a obesidade vem crescendo cada vez mais. Mais da metade da população brasileira com mais de 18 anos, 56,9%, está com excesso de peso, ou seja, têm um índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 25. Além disso, 20,8% das pessoas são classificadas como obesas por terem IMC igual ou maior que 30. 
 
Os números da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) mostram que, para os homens, a prevalência de excesso de peso aumenta de 42,4% (em 2002-2003) para 57,3% (em 2013) e a obesidade de 9,3 % para 17,5%. No caso das mulheres, este aumento foi mais acentuado, passando de 42,1% (em 2002-2003) para 59,8% em 2013, ao passo que a obesidade passa de 14,0% para 25,2%. 
 
“Um dos motivos de a prevalência ser maior entre as mulheres está relacionado à exposição aos alimentos, uma vez que elas ficam mais em casa e, geralmente, são elas também que preparam a comida. Além disso, o padrão de distribuição de gordura corporal nas mulheres favorece o acúmulo de tecido adiposo subcutâneo que, diferentemente do visceral, é mais difícil de perder. Também é importante lembrar que o ganho excessivo de peso durante a gestação é comum, o que pode representar mais um facilitador para a obesidade nesse gênero”, alerta a médica endocrinologista Maria Edna de Melo.
 
Tratamento multidisciplinar
A nutricionista Hérika Sotero credita essa situação ao que chama de transição epidemiológica. “A vida moderna nos levou a consumir mais alimentos industrializados, ao mesmo tempo em que nos tornamos sedentários”, explica. “Fatores relacionados à mente, como ansiedade e insegurança, aliados à crise econômica, que tende a potencializá-los – além de tornar os alimentos mais caros -, são os grandes responsáveis pelo descontrole alimentar”.
 
Dessa forma, o tratamento da obesidade deve ser multidisciplinar, incluindo acompanhamento de nutricionista, psicólogo, psiquiatra, endocrinologista e cardiologista. Como a compulsão está ligada à emoção, muitas vezes é recomendável a prescrição de remédios.

Dietas da moda
As promessas de resultados milagrosos, rápidos e os desafios impostos são os principais atrativos para que as chamadas dietas da moda ganhem fama. Mas, segundo a nutricionista Rita Coelho Lamas, esses procedimentos não são benéficos para a saúde de quem os adota. Citando os exemplos das conhecidas dietas ‘das proteínas’, ‘detox’, ‘dos dois dias’ e ‘paleolítica’, ela alerta para a linguagem convincente utilizada pelos autores, citando que estudos não comprovam a efetividade dos métodos. “Cada paciente é um caso e dietas realizadas espontaneamente não são positivas para a saúde”, afirmou.

Ortorexia, a obsessão por comidas saudáveis
Acesso rápido à informação sem orientação, redes sociais recheadas de blogs divulgando comidas “saudáveis” e milhares de dietas à disposição podem deixar adultos e adolescentes obcecados por uma alimentação excessivamente correta e saudável, podendo levar à uma nova compulsão conhecida como Ortorexia.
 
Gastar muito tempo com pesquisas e preparo de comidas ou mesmo em atividades físicas, causando prejuízo às relações familiares e corporativas, são os principais sintomas desse distúrbio”, pontua a endocrinologista Vivian Estefan, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, na capital.
 
Distúrbio alimentar – Visto pelos médicos como um distúrbio alimentar, a Ortorexia faz com que o paciente passe a se preocupar exclusivamente com a composição química e valor calórico dos alimentos, ou seja, o teor de proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas e sais minerais, não se permitindo nunca uma variação de cardápio, nem mesmo em festas e encontros sociais.
 
Além dos males à saúde, a médica destaca que a compulsão com a qualidade alimentar pode levar a pessoa ao pânico e a evitar o consumo de alimentos fora de casa. “O paciente desenvolve uma fixação pela alimentação saudável, o que acarreta em um auto isolamento. Por isso, é preciso ficar atento aos sinais e procurar ajuda imediata com especialistas da área”, indica. Para uma vida saudável, Vivian recomenda alimentação balanceada e bons hábitos no dia a dia, incluindo vida social e familiar equilibrada.