O presidente Michel Temer (PMDB) começou mal o mandato para o qual foi efetivado pelo Congresso Nacional. Ainda na China, para onde viajou tão logo foi confirmado o impeachment de Dilma Rousseff (PT) pelo Senado, Temer debochou das manifestações contra seu governo. “São 40, 50, 100 pessoas…”, afirmou num tom fora de hora e de contexto. Eram 100 mil pessoas, em São Paulo, e os protestos realizados também em várias partes do país mostram que uma parcela significativa dos brasileiros rejeita o atual governo.
Soa estranho, portanto, que um político com a experiência de Michel Temer cometa um deslize dessa natureza, num momento em que o país mais necessita de bom senso e equilíbrio por parte de seus governantes.
Convenhamos, a soberba não é nem nunca foi uma boa conselheira. Ademais, Temer é quase tão impopular quanto Dilma e só chegou ao Palácio do Planalto por obra do acaso e das besteiras praticadas por sua antecessora e o partido dela, o PT.
O que o presidente precisa fazer, se é que deseja conquistar a confiança dos brasileiros, é trabalhar duro, cortar despesas desnecessárias, dar exemplos de austeridade e iniciar as reformas necessárias para que o país volte a crescer. Debochar de quem protesta contra o seu governo não passa de uma provocação desnecessária por parte de quem ocupa o mais alto posto da República.
É fato público e notório que Michel Temer jamais chegaria à presidência da República pelo voto direto. Aliás, teve dificuldades para se eleger deputado federal. Quis o destino, no entanto, que ele chegasse ao Palácio do Planalto. Com grande experiência no Parlamento, o mínimo que se espera de Temer é que tenha capacidade de diálogo e que saiba ouvir amplos setores da sociedade. A missão de Temer não é fácil e não será com provocações e deboche que ele irá executá-la com êxito, condição necessária para tirar o país da crise.
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