O STF (Supremo Tribunal Federal) é a mais alta corte do país, mas seu presidente, Ricardo Lewandowski, não teve o menor pudor em ultrajar a Constituição durante o julgamento que levou ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao autorizar que os senadores poderiam cassar o mandato da presidente e, ao mesmo tempo, manter seus direitos políticos, Lewandowski não apenas violentou a Carta Magna, mas, também desmoralizou a Justiça. Viu-se, depois, que a farsa fora armada dias antes.
É doloroso constatar que o Brasil continua no nível das chamadas repúblicas de bananas. Os cidadãos de bem perceberam, e não é de hoje, que não podem confiar em seus governantes, que agem como verdadeiros chefes do crime organizado. Só o mais inocente dos brasileiros poderia esperar algo de bom da parte de um Renan Calheiros, mas na Justiça ainda havia um fio de esperança, que Lewandowski não teve pudor em destruir.
Apesar de tudo, soa estranho que um homem no cargo de Lewandowski não se preocupe com sua própria biografia, com o futuro do país e tampouco com o julgamento da história. Sim, porque o precedente que ele permitiu certamente irá beneficiar muitos dos corruptos que aparentemente estão encrencados com a Justiça diante da roubalheira apurada pela Operação Lava Jato.
É evidente que Renan Calheiros não comandou a farsa por compaixão a Dilma Rousseff, mas sim preparando uma saída para ele próprio – indiciado em nove inquéritos no STF – e para seus comparsas que tanto mal fazem ao país. Convenhamos, depois de arruinar as finanças do Brasil e de jogar 12 milhões de trabalhadores na tortura do desemprego, Dilma Rousseff teria dificuldades de se eleger vereadora em qualquer cidade do país. A manutenção de seus direitos políticos, portanto, é irrelevante do ponto de vista prático.
A farsa levada adiante por Renan e seus parceiros, com o aval de Lewandowski, é uma ofensa aos brasileiros que sofrem com a crise e sonham com um país decente. E foi feita sem nenhum pudor, à frente das câmeras, ao vivo, para milhões de telespectadores. Se foram capazes de agir assim, ao vivo e em cores, o que não farão nos bastidores…
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