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Seja amigo do seu coração

20/08/2016Da Redação
Seja amigo do seu coração | Jornal da Orla
Não tem milagre. Para viver bem e melhor é necessário mudar os hábitos adquiridos no decorrer da vida e que, com o passar dos anos, vão piorando nossa situação clínica. A conhecida receita é reforçada pelo médico cardiologista Sílvio Carlos de Moraes Santos, que lembra que não é preciso abrir mão dos prazeres da vida, mas sim agir com moderação e equilíbrio. “É preciso ter como propósito viver o melhor possível, o mais tempo possível, mas sem se privar de coisas que são gratificantes. Tudo com bom senso”, ensina.
 
“Alguns preceitos devem ser mantidos no decorrer da vida: prática de exercício, alimentação saudável, não fumar, controle do peso, controle do estresse psíquico de forma mais efetiva possível”, cita o cardiologista. Segundo ele, dos fatores de risco para doenças cardiovasculares – como idade, genética desfavorável, hipertensão, diabetes, colesterol -, a parte psíquica é a mais difícil de trabalhar. E aí entra a importância do exercício físico.
 
“Além de proporcionar grandes benefícios para o coração, a atividade física atua como relaxante psíquico para o paciente. Ter um período de lazer bem definido, uma atividade cultural, são outras armas disponíveis para combater o estresse e conseguir melhor equilíbrio possível”, orienta o médico.

Envelhecimento – A idade é um fator de risco importante pois há o envelhecimento das artérias em decorrência do envelhecimento geral no organismo. Ainda assim é possível agir preventivamente neste processo natural do corpo. Silvio Carlos aponta como exemplo pesquisa realizada na década de 80 com um grupo de 140 moradores no Tibet, todos com mais de 90 anos. “Enquanto 60% da população mundial apresenta pressão alta depois dos 80, nesse grupo a incidência era de 15%. Como explicação foi mencionada a descendência de mongóis, ausência de sal na comida, pouco consumo de carne, relaxamento mental através de orações diárias, e atividade física subindo e descendo montanha”.
 
Obesidade – A obesidade já é epidemia no mundo, independente de país e categoria social, e decorre das mudanças que o homem moderno traz para si mesmo. “O risco é a chamada síndrome metabólica, que provoca mudanças nos caracteres bioquímicos do organismo, com aumento de triglicérides, colesterol, ácido úrico, pressão arterial, diabetes”. O cardiologista comenta que entre seus pacientes, que se submeteram a cirurgia bariátrica, a grande perda de peso já foi suficiente para tirar os vários remédios que tomavam antes da intervenção.
 
Tabagismo – Silvio Carlos lembra que o cigarro prejudica tanto o sistema cardiovascular como o sistema pulmonar, provocando queda da expectativa de vida. “Até a década de 70 ainda se duvidava se o cigarro era ou não prejudicial à saúde. Hoje, a restrição ao uso do tabaco tornou-se uma arma poderosíssima. O Brasil já teve mais de 30% da população fumante, pelo último censo do IBGE não passa de 18%. Uma redução bastante expressiva. Até a França, que era um dos últimos baluartes do tabagismo, está se rendendo às evidências e hoje tem leis restritivas”, aprova o médico.
 
Alimentação – Se por um lado facilitou a vida, por outro o advento da geladeira proporcionou um acréscimo nas doenças cardiovasculares, comenta o cardiologista. “O simples fato de ter uma geladeira em casa muda a alimentação, pois permite ter embutidos, carnes, estocar alimentos, coisa que no passado não existia”.
 
Ele defende que, da mesma forma que o tabagismo foi sendo combatido com programas institucionais e populacionais que modificam o hábito, é preciso fazer o mesmo na área da alimentação. “Sempre digo que a pessoa pode comer de tudo, o problema é a quantidade e a frequência com que se alimenta. Tem que prevalecer o bom senso. Dentro de uma alimentação normal comer em menor quantidade e ingerir mais frutas e legumes”.
 
O mesmo vale para bebidas alcoólicas. “O álcool em pouca quantidade é relaxante, mas quando ingerido em excesso torna-se vasoconstritor com outras implicações ao organismo”, esclarece Silvio Carlos. Ele cita povos como os italianos, franceses, portugueses, que tomam vinho desde cedo e têm longa expectativa de vida. “Uma taça na refeição é a conta”.