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Os joviais 58 anos da Bossa Nova

16/07/2016
Os joviais 58 anos da Bossa Nova | Jornal da Orla
Neste dia, ele gravou o seu primeiro 78 rotações, acompanhado pela Orquestra liderada por Antonio Carlos Jobim, cantando, com seu violão, “Chega de Saudade”, no lado A, e “Bim Bom”, no lado B. Como muito bem fundamenta meu querido amigo Carlos Alberto Afonso, dono da Toca do Vinicius, localizada no bairro de Ipanema, “está aí o primeiro documento fonográfico com o quadro estético da Bossa Nova, em gravação de seu próprio formulador, João Gilberto, acompanhado de seu coarquiteto Tom Jobim, materializado pela canção”.
 
O disco foi lançado em agosto de 1958 e, sem dúvida alguma, esta gravação de “Chega de Saudade”, deu origem ao que chamamos de Bossa Nova, hoje de caráter universal, portanto patrimônio cultural da humanidade.
 
É bom destacar, também, que o mesmo samba de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes já havia sido gravado alguns meses antes, no também importante LP “Canção do Amor Demais”, da cantora Elizete Cardoso.
Naquele disco, as músicas “Chega de Saudade” e “Outra Vez”, contaram com a mágica levada no violão de João Gilberto e ali já pudemos constatar o que ele era capaz de fazer.
 
No ano seguinte, em 1959, João Gilberto lançou finalmente seu primeiro LP como líder e o nome não poderia ser outro, “Chega de Saudade”. Depois disso, a música brasileira nunca mais foi a mesma. 
 
O cenário e a ambientação para tanta inspiração não poderiam ser mais perfeitos: a incrível década de 50, a belíssima orla da praia da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, o incrível “Beco das Garrafas”, os diversos bares localizados na zona sul, sempre oferecendo uma excelente música ao vivo, os seus hotéis, sua boêmia, sua gente, seus músicos e artistas. E neste momento de questionamentos dos valores morais e éticos, de uma intensa crise política e social que estamos passando na atualidade, a Bossa Nova é a prova de que o Brasil pode dar certo.
 
Na verdade, ela deu muito certo e levou o nome do nosso país para todas as partes do planeta e por incrível que pareça, apesar da pouca repercussão da mídia, continua, até os dias de hoje, sendo admirada, reverenciada, cultuada e recriada. 
 
A Bossa Nova está completando 58 anos. É nossa, genuinamente brasileira, digna de um orgulho enorme. Pode ser definida, simplesmente, como forma de execução do samba e sua batida característica é atemporal, imortal, capaz de preencher nossas almas e corações, de uma infinita alegria.
 
Parabéns Bossa Nova, sempre nova até no nome. E principalmente na sua essência, que se renova a cada dia. 
 
Celebramos a Bossa Nova em 10 de julho de 2016 !!! E os seus joviais 58 anos !!!
 
Carol Saboya – “Carolina”
Carol Saboya é uma das vozes mais bonitas da cena atual das cantoras brasileiras e, sem dúvida, veio de berço a sua sensibilidade e sutileza nas interpretações. Voz doce e cristalina que toca o coração e agrada muito aos ouvidos.
 
O ambiente musical, onde nasceu, foi determinante para a escolha do caminho de se tornar cantora. Por sinal, uma cantora e tanto, dona de uma voz cristalina e muito afinada.
 
Para quem não sabe, a cantora carioca Carol Saboya é filha do grande pianista, compositor e produtor Antonio Adolfo, que desenvolve e divide sua ativa carreira entre os EUA e o Brasil.
 
Em mais de 20 anos de carreira, este já é o seu 12º disco e foi lançado pelo selo AA Music para o mercado americano e, por aqui, distribuído pela Rob Digital, com 10 faixas, numa reunião de composições de suas maiores influências: Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Pixinguinha, João Bosco, John Lennon, Paul McCartney, Djavan, Sting e Edu Lobo.
 
Talvez por isso, o CD leva seu nome de batismo e também foi lançado na semana passada na cidade do Rio de janeiro, num show especial que aconteceu no belíssimo Solar de Botafogo Centro Cultural.
 
Confesso que me encantei pelo talento de Carol Saboya desde os seus primeiros trabalhos, que foram lançados em 1998 e 1999, denominados “Dança da Voz” e “Janelas Abertas”, com músicas de Tom Jobim e gravado ao lado pelo violão mágico de Nelson Faria, ambos produzidos pelo saudoso e criativo produtor Almir Chediak.
 
Para este trabalho foram convocados Antonio Adolfo no piano, arranjos e produção, Leo Amuedo na guitarra, Jorge Helder no contrabaixo acústico, Rafael Barata na bateria e percussão e André Siqueira na percussão, e o convidado especial Claudio Spiewak no violão.
 
Meus destaques ficam por conta das jobinianas “Passarim”, “A Felicidade” e “Olha Maria” e mais “Hello Goodbye”, “Fragile”, “Faltando um Pedaço” e “Zanzibar”. Misturas muito bem equilibradas do Samba, do Jazz, da MPB e do Choro.
 
Carol Saboya é uma artista brasileira que faz muito sucesso nos Estados Unidos, Europa e Japão, e precisa ser mais ouvida e prestigiada aqui no Brasil. Talento, simpatia e voz, ela tem de sobra.
 
Antonio Adolfo – “Tropical Infinito”
O pianista, compositor, arranjador e produtor carioca Antonio Adolfo está em plena forma e atividade, ainda celebrando com muita alegria e talento os mais de 50 anos de carreira musical.
 
Lançou esta semana aqui no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, na Livraria da Travessa de Ipanema, o livro “Piano e Teclado – Fácil” (Editora Irmãos Vitale) e também aproveitou a oportunidade para autografar mais este belo CD, gravado no Brasil e lançado pelo seu selo independente AAM Music para o mercado americano e, por aqui, distribuído pela Rob Digital.
 
O disco foi inspirado nas pistas de dança das gafieiras dos anos 60 e 70, na sonoridade do Beco das Garrafas e principalmente pelo mais puro Jazz do início da década de 60, trazendo como destaque, na sonoridade do CD, um naipe de metais afinadíssimo. 
 
Desde o início da sua carreira, ele tinha essa ideia de reproduzir a sonoridade mais encorpada dos metais nos seus arranjos, que sempre o influenciaram muito e se tornaram referência na sua carreira de sucesso. 
 
Homenagens e citações especiais aos mestres Benny Golson, Oliver Nelson, Horace Silver e ao compositor americano Jerome Kern, um dos seus preferidos, além de inspiradas composições autorais.
 
Ao seu lado, Jessé Sadoc no trompete e flugelhorn, Marcelo Martins no sax tenor e soprano, Serginho Trombone no trombone, Leo Amuedo na guitarra, Jorge Helder no contrabaixo acústico, Rafael Barata na bateria e percussão, André Siqueira na percussão e o convidado especial Claudio Spiewak no violão.
 
Antonio Adolfo tem na sua obra musical mais de 200 músicas compostas, algumas já gravadas, por Elis Regina, Emilio Santiago, Wilson Simonal, Angela Rô Rô, Stevie Wonder entre outros grandes nomes.
 
Sempre esteve à frente do seu tempo, quebrando paradigmas, sendo um dos artistas pioneiros aqui no Brasil da produção independente, rompendo corajosamente, há mais de 40 anos, com o monopólio voraz das grandes gravadoras.
 
Os temas jazzísticos “Killer Joe”, “Whiper Not”, “Stolen Moments” e “All The Things You Are” estão sensacionais e as inéditas autorais “Yolanda, Yolanda” (que homenageia sua Mãe) e “Luar a Bahia” são meu destaque.
 
Mais um trabalho de música instrumental brasileira de alto nível deste talentoso e premiado artista brasileiro, que divide seu tempo entre o Brasil e os Estados Unidos.
Talento, ousadia, inspiração e transpiração deram resultado numa musicalidade bem brasileira de extremo bom gosto. Outro golaço do pianista Antonio Adolfo.