A República treme. As delações feitas pelo ex-senador e ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, envolvem alguns dos principais políticos do país, inclusive o presidente interino Michel Temer. A consequência imediata foi a queda do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, a terceira baixa do atual governo em menos de 40 dias, mas as novas delações previstas para os próximos dias indicam que um tsunami político vai sacudir o país.
O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, deve ter o mandato cassado e dificilmente escapará da cadeia. Cunha tem ameaçado contar tudo o que sabe e levar junto pelo menos outros 150 deputados. Em situação complicada também está o presidente do Senado, Renan Calheiros, padrinho político de Machado. Ele é acusado por seu afilhado de receber mesada de R$ 300 mil reais e de ter embolsado milhões em propinas no assalto à Petrobras. Além, disso, Calheiros é alvo de nove inquéritos que tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal). Encurralado, teve a ousadia de ameaçar o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.
O presidente do PSDB, que foi o principal partido de oposição aos governos do PT, senador Aécio Neves, igualmente teve seu nome envolvido no escândalo. A sua situação não é nada boa, o que explica o sumiço do sorrisinho maroto de sua face. Machado envolve outros figurões da República, como o ex-presidente José Sarney, diversos senadores e deputados.
Os políticos corruptos que estão nas mãos do juiz federal Sérgio Moro já se deram mal. Mas os deputados e senadores que têm imunidade parlamentar, que deveria valer apenas para o exercício pleno do mandato, não para crimes comuns, apostam na lentidão do STF para sair impunes.
O fato é que se a justiça prevalecer, vai faltar cadeia no Brasil. Até porque, quem as constrói, está preso. O atual modelo político esgotou-se completamente. Resta saber se a sociedade terá força suficiente para punir os seus políticos criminosos e recomeçar do zero, única alternativa para reconstruir o Brasil. O tempo dirá.
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