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Até tu, Galvão?

16/06/2016
Até tu, Galvão? | Jornal da Orla
A eliminação na primeira fase da Copa América é o novo capítulo de uma série de vexames (incluso logicamente o histórico 7×1 alemão) que não surgem à toa. São fruto do (des)comando do futebol brasileiro, que lá no início dos anos 90 transformou a seleção num balcão de negócios para enriquecer meia dúzia de espertalhões capitaneados por Ricardo Teixeira.
 
Enquanto dentro de campo os resultados apareciam, como os Mundiais de 1994 e 2002, tudo bem. Críticas e reportagens reveladoras surgiam de quem não andava de mãos dadas com a CBF, muitas vezes vistos como “impatriotas” – caso dos comentaristas da ESPN.
 
Pois um dia a conta viria. Ela chegou, e está sendo alta. Aí, até a maior aliada dos cartolas se revolta. Em seu desabafo no JN, o indignado Galvão Bueno citou até nomes! 
 
“… os problemas da seleção vão muito além das quatro linhas, vão além dos estádios de futebol… Vivemos hoje em dia, sem dúvida, a maior crise técnica e administrativa da história da seleção… É hora, sim, de mudar, porque estamos a menos de dois meses das Olimpíadas e nosso desempenho nas eliminatórias mostra que a classificação para a Copa de 2018, na Rússia, corre sério risco atualmente. A crise atual é herança maldita de ex-presidentes presos, indiciados ou investigados pela Justiça. E um deles permanece no poder. Será que, neste momento crítico, Marco Polo del Nero, investigado por corrupção, tem condições de decidir sobre o futuro da seleção brasileira?
 
E é sempre bom lembrar que a seleção pertence ao torcedor, ao povo. Ela não pertence a nenhum dirigente e principalmente àqueles que trabalharam à margem da lei.”
 
O cúmulo da cara de pau. Ou durante anos e anos de parceria e negociações de compra de direitos de eventos ninguém na Globo sabia das falcatruas dos dirigentes que deixaram esta “herança maldita”? 
 
Outro detalhe: desde quando a seleção “partence ao povo”? Há muito tempo a Rede Globo se comporta como dona do futebol brasileiro. 
 
Essa tomada de posição tendo Galvão Bueno como porta-voz tem um motivo claro: como produto, por conta dos sucessivos vexames, a seleção está claramente perdendo valor. A outrora galinha dos ovos de ouro, que rendia muita audiência e gordos patrocinadores, virou uma marca que não tem despertado mais confiança nem interesse, podendo acarretar prejuízo para quem nela investe.