Para muitos pacientes de câncer, desenganados, a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de suspender em caráter liminar a lei que autorizava a venda da substância fosfoetanolamina sintética, conhecida como “pílula do câncer”, representa o fim da esperança de cura. O STF atendeu a um pedido da AMB (Associação Médica Brasileira), que questionava a liberação da pílula por supostamente colocar em risco a segurança e a saúde dos pacientes e por abrir um precedente para que outras drogas sejam ofertadas sem comprovação de segurança e eficácia.
Com efeito, não há comprovação científica da eficácia da pílula, mas reportagens realizadas por diversos veículos de comunicação mostram que muitos pacientes apresentaram melhora significativa e deixaram de sentir dores com o uso da “fosfo”. Efeito placebo? É possível. Estudos mostram que o chamado efeito placebo – uma mistura de fé e esperança – garante bem-estar a uma parcela de pacientes, e, como tal, não pode ser ignorado.
Se não há ainda comprovação científica de que a “fosfo” é uma alternativa eficaz no combate aos vários tipos de câncer, não há, igualmente, nenhum registro de que seu uso causa danos aos pacientes. Pelo contrário, até agora só há registros de resultados positivos ou de que não produziu efeito para o fim desejado, sem, contudo, prejudicar ainda mais a situação do paciente.
Não há dúvidas sobre a boa intenção dos médicos e tampouco dos ministros do STF em barrar a pílula, mas só quem tem familiares desenganados por essa terrível doença sabe o que significa tirar a última esperança de quem está morrendo. Na vida há muitos mistérios que a ciência não consegue desvendar. Os milagres e a fé, por exemplo.
Entendemos que não cabe ao Estado e nem aos médicos interferir na decisão de alguém que está em fase terminal. Mais que ilegal, a interferência é um gesto absurdamente cruel. Já o cigarro, que comprovadamente mata milhões de pessoas em todo mundo, pode ser legalmente comprado e usado…
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