Seja no Rock, no R&B ou principalmente no Blues, ele é uma verdadeira lenda do seu instrumento e considerado, ao lado de Jimmy Hendrix, um dos guitarristas mais influentes de todos os tempos.
Na noite de 21 de maio de 2015, ele se apresentou na sua terra natal, Londres, na Inglaterra no mítico Royal Albert Hall.
Ele esteve muito bem acompanhado pela sua superbanda de músicos formada por Paul Carrack, Steve Gadd, Nathan East, Chris Stainton, Sharon White, Michelle John e Andy Fairweather Low.
O resultado desse show é o belíssimo trabalho que pode ser encontrado numa versão econômica, que contempla 1 DVD e 2 CD’s, lançado pelo selo Eagle Rock Entertainment e distribuído no Brasil pela Som Livre.
São mais de 50 anos de carreira e tenho notado, particularmente nos últimos anos, que ele deixou transparecer, de forma muito evidente, as suas influências do Blues e de seus grandes ídolos desde a infância, que são Howlin’ Wolf, Muddy Waters e Freddy King. É evidente que o Blues pulsa forte nas suas veias.
Outro ponto que merece destaque na sua carreira é a organização e realização do Festival Crossroads, que sempre reúne os maiores guitarristas e músicos de diversas gerações. Toda a renda dos encontros, realizados em 1999, 2004, 2207, 2010 e 2013, foi destinada para o Crossroads Center, centro para tratamento de dependentes de álcool e drogas, que Eric Clapton fundou e mantém em Antiqua, no Caribe. Clapton conseguiu de forma muito transparente expressar suas alegrias e tristezas em suas composições e esta autenticidade lhe dá créditos muito importantes.
Tanto isso é verdade que ele se apresentou neste templo de gala de uma forma bem simples e, desta forma, conseguiu hipnotizar seus fãs felizardos que lá estiveram e que puderam comprovar que o menos é mais. Ele deu o seu recado apenas com a beleza das suas canções e com os seus impressionantes solos de guitarra. Absoluta coerência com sua personalidade discreta.
Um homem de poucas palavras e que fala muito mais através da sua música. Sua voz, por incrível que pareça, com o passar dos anos, se tornou cada vez melhor e com um timbre inconfundível e marcante.
No “setlist” do show de comemoração do seu aniversário de 70 anos, apenas as músicas que ele teve vontade de tocar e cantar. Nada de imposições, pressões do público ou modismos. Assim é Eric Clapton, um gigante da música.
Trio Corrente – “Volume 3”
Os meninos prodígios do Trio Corrente, formado por Fábio Torres no piano, Paulo Paulelli no contrabaixo e Edu Ribeiro na bateria, lançaram recentemente, de forma independente, o terceiro e mais inspirado trabalho da carreira do trio.
A musicalidade e a intensa cumplicidade entre eles é marcante, e, em todas as faixas do disco, podemos ouvir belos arranjos e sofisticados improvisos.
Vivenciaram em 2014, o grande privilégio de gravar ao lado do saxofonista e clarinetista cubano radicado nos Estados Unidos, Paquito D’Rivera, o CD “Song For Maura” – uma homenagem póstuma à mãe do músico cubano, que foi premiado merecidamente com o Grammy Award e o Latin Grammy, ambos na categoria de Melhor Álbum de Jazz Latino daquele ano.
O repertório do novo disco traz composições de nomes brasileiros, como Pixinguinha, Dorival Caymmi, Djavan, Antonio Carlos Jobim, João Donato, Chico Buarque entre outros e também algumas inspiradas composições autorais, numa mescla dos ritmos brasileiros, incorporados ao irresistível molho do Jazz.
A receita foi muito bem equilibrada e a sonoridade do disco é extremamente agradável para se ouvir.
Meus destaques ficam para “Maracangalha”, “The Red Blouse”, “É Doce Morrer No Mar”, “A Rã”, “Maçã”, “Outra Vez”, “Célia” e as autorais, “Nívea”, “Samba de Retalhos” e “Samba do Ribeiro”.
Tenho a honra de acompanhar, desde o princípio da carreira, o trabalho musical desses músicos maravilhosos, numa parceria que já dura mais de 15 anos.
O Trio Corrente conseguiu demonstrar, de forma clara, que o improviso do Jazz pode muito bem se harmonizar com a música brasileira.
Orgulho para nós brasileiros e um alento para a Música Instrumental do nosso país.
Urca Bossa Jazz – “Saudades do Raul”
Uma das coisas boas que descobri numa das minhas últimas visitas ao Rio de Janeiro, foi o grupo Urca Bossa Jazz, que leva no nome suas maiores influências: os dois gêneros musicais executados com o tempero tipicamente carioca e a inspiração da bela vista do bairro, onde eles ensaiam e que é considerado como um dos principais cartões-postais da cidade.
No ano de 2015, quando se comemorou os 70 anos de nascimento do genial Raul Seixas, a banda resolveu de forma corajosa e inusitada, revisitar o rock e as suas intensas poesias, gravando um criativo clipe com animação para a internet, chamado “Saudades do Raul”, composição do líder do grupo, Wagner Cinelli.
Depois disso, participaram de vários shows com grande repercussão em diversos palcos importantes da cidade do Rio de Janeiro, motivando vários fãs do grupo.
A ousadia foi tão incrível e produtiva, que decidiram entrar em estúdio para gravar, de forma independente, 10 faixas do cancioneiro inspirado do polêmico artista, que, até os dias de hoje, continua cultuado e muito respeitado.
A banda é formada por Wagner Cinelli no piano, Matheus Von Kruger no violão e voz, Bia Falcão na voz e percussão, Tino Junior no saxofone e flauta, Didier Fernan no contrabaixo, Paulo Criança na bateria e Laudir de Oliveira na percussão.
Destaco os temas “Al Capone”, “Metamorfose Ambulante”, “Maluco Beleza”, “Cowboy Fora da Lei”, “Medo da Chuva” e a faixa título “Saudades do Raul”.
O tempero bossa jazz carioca, misturado com o rock visionário de Raul Seixas, deu liga e surpreende pela sonoridade diferente e marcante.
E, para finalizar, o Urca Bossa Jazz diz: “Viva Raul ! Toca Raul ! Raul, saudades de ti”.
O “Maluco Beleza”, Raul Seixas com certeza, ficaria muito feliz com a homenagem prestada por eles.