
Sempre fui um daqueles que consideravam o “Zorra Total” uma referência do humor sem graça e datado.
Ano passado, a Globo resolveu dar uma repaginada no programa e tirou o “Total” do nome.
A proposta de um ritmo mais ágil com piadas curtas era interessante, mas de início achei que ainda faltava caprichar no roteiro. Depois, houve uma melhora, embora o resultado final fosse ainda irregular.
A primeira temporada se foi, e a segunda estreou no último dia 9. Pode-se dizer que, após longos anos, finalmente há uma boa opção na tevê aberta fugindo um pouco do lugar-comum na noite de sábado.
O humor do “Zorra” ficou ainda mais próximo do ótimo “Tá no Ar”, e o time de roteiristas parece agora completamente adaptado ao formato da atração.
Um dos esquetes da edição da semana passada foi simplesmente impagável. No céu, Deus (Nelson Freitas) foi chamado às pressas para uma reunião do Conselho Celestial, formado por Alá (Antonio Fragoso), Tupã (Rodrigo Sant’anna), Zeus (Candido Damm), Iemanjá (Thalita Carauta) e Buda (Bernardo Schlegel).
O motivo da convocação era o uso indiscriminado do nome do “criador” durante uma votação recente na Câmara dos Deputados, sendo a maioria deles com a ficha suja… “Usaram o meu nome de novo… Eu não tenho bancada! Eu não autorizei, eles não me representam”, esbravejou.
Fizeram referências a alguns parlamentares, como “aquele da Interpol” e o do “creminho no cabelo que responde por estelionato, preconceito, racismo e homofobia”.
Ao final, diante da sugestão de conversar com o “chefe dos deputados” para tentar resolver a situação, Deus ouviu: “O problema é que o chefe deles acha que é o senhor…”.
Porém, há indícios de que essa liberdade criativa tem limites. Segundo a jornalista Patrícia Kogut, nem tudo o que é gravado para o “Zorra” vai ao ar. Isso aconteceria em piadas consideradas “pesadas” demais. Ela cita como exemplo o caso em que atores, vestindo toga, corriam para um bar e enchiam a cara ao notarem que as câmeras não estavam ligadas.
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