TV em Transe

O ausente

21/04/2016
O ausente | Jornal da Orla
Silvio Santos determinou que o SBT não cobriria ao vivo a votação na Câmera do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
 
Espantoso seria se a decisão dele fosse a mesma de todas as outras emissoras.
Em sua trajetória, Silvio sempre adotou o lema “se há governo, NÃO sou contra”. 
 
Lembro quando eu era criança, período ainda da nefasta Ditadura Militar. No intervalo entre uma atração e outra de sua maratona dominical – o apresentador ficava no ar quase o dia inteiro –  era exibida a “Semana do Presidente”. O icônico locutor Lombardi narrava um resumo da agenda presidencial: o que fez, pra onde foi, etc.
Tal prática ainda durou um tempo no pós-ditadura.
 
No jornalismo do SBT, se alguém fala demais, tem as asinhas cortadas – caso da falastrona Rachel Sheherazade.
 
Alguns anos atrás, não podemos esquecer que Silvio Santos viu-se em maus lençóis com a quebra do Banco Panamericano quando foi descoberto um rombo superior a R$ 4 bilhões. Um aporte de R$ 2,5 bilhões junto ao Fundo Garantidor de Crédito salvou a lavoura. Posteriormente, o apresentador/empresário conseguiu vender o Panamericano para o grupo BTG Pactual.
 
Mas o fato de Silvio Santos deixar de transmitir a sessão extraordinária da Câmara não deve ser condenado. Primeiro, o SBT conseguiu o segundo lugar isolado na audiência, durante todo o dia, com 12 pontos de média e 15 de pico (quase o dobro do terceiro colocado, a Record). Além disso, poupou seus telespectadores de um espetáculo grotesco, talvez o maior “freak show” já visto na tevê brasileira. Um circo cômico se não fosse trágico.
 
Cobertura – Entre as emissoras abertas que passaram o domingo no Congresso, destaque novamente para a Rede TV!. Os trabalhos ancorados por Amanda Klein e Luciano Faccioli foram os que trouxeram mais informação, inclusive no momento da votação dos deputados. Não se limitaram apenas a mostrá-los com aquele discurso que parecia o antigo programa da Xuxa, por várias vezes interromperam o blá blá blá para esclarecer o público. 
 
Nosso jornalismo idôneo – Durante um evento no Sindicato dos Jornalistas em São Paulo, Barbara Gancia afirmou com todas as letras: “Fui demitida da Band porque me recusei a pegar leve com Eduardo Cunha. Um belo dia recebo uma orientação: você não pode falar do Eduardo Cunha porque ele é primo do Johnny Saad. Como assim? Eu sou comentarista, jamais podia aceitar uma coisa dessas”.
 
Saad é o dono do Grupo Bandeirantes. Barbara não mudou sua postura em relação ao digníssimo presidente da Câmara dos Deputados (até quando?) e, segundo ela, por conta disso perdeu seu posto na Band News FM.