Coluna Dois

Decisão do Conselho de expulsar ex-dirigentes acende alerta vermelho no Santos

16/04/2016
Decisão do Conselho de expulsar ex-dirigentes acende alerta vermelho no Santos | Jornal da Orla
Muitos torcedores do Santos entendem que a decisão do Conselho de expulsar os membros do Comitê de Gestão anterior, presidido por Odílio Rodrigues, é tão esdrúxula e inconsistente que não mereceria ser comentada neste espaço do Jornal da Orla. 
 
Concordo com eles. Acusar de gestão temerária dirigentes como Odílio Rodrigues, Luiz Claudio de Aquino e José Paulo Fernandes que avalizaram contratos do clube com o patrimônio pessoal ultrapassa os limites do ridículo e beira o non sense. A decisão certamente vai ser anulada na Justiça e acarretará prejuízos ao clube com indenizações por danos à imagem das pessoas atingidas.
 
O que talvez valha a pena analisar é o processo de apequenamento do clube que uma decisão desse tipo detona.
 
O caso lembra muito uma outra decisão do Conselho, em 2003, totalmente descabida. O Estatuto Social do Santos permitia apenas uma reeleição. Uma alteração nesse artigo permitiu reeleições infinitas. Um ex-presidente que tinha se elegido em 1999 com direito a apenas uma reeleição, se beneficiou dessa manobra e tentou se eternizar na cargo. 
 
As consequências, o torcedor deve lembrar, foram tétricas. O Santos mergulhou num período sombrio. Negócios obscuros se multiplicaram, como a venda do meia Rodrigo Tabata, até hoje não esclarecida, o passa-moleque que o Peixe levou de algum empresário ou dirigente na venda de Cleber Santana para o Atletico de Madrid, a perda do atacante Jonas… Torcedores dos clubes rivais zoavam o santista dizendo que o Santos era um feudo do já então decadente treinador Vanderlei Luxemburgo. O processo de apequenamento culminou com as duas temporadas em que o Santos lutou contra o rebaixamento no Brasileiro, 2008 e 2009. 
 
A direção do clube então mudou de mãos. Entrou o grupo dos que foram expulsos nesta semana e rapidamente o Santos foi recolocado nos trilhos de sua tradição de grandeza. Vieram um tri paulista, uma Copa do Brasil, uma Libertadores e uma Recopa e as conquistas da base que eu pessoalmente coloco entre as mais importantes: bicampeonato da Copa São Paulo 13-14 e Copa do Brasil sub-20 em 2013. Em resumo, o período mais vitorioso da história do Santos fora da Era Pelé. 
Não precisa ter bola de cristal para acertar a previsão de que a decisão desta quarta–feira coloca o clube novamente no roteiro de apequenamento. Ela denota claramente uma mentalidade de mesquinhez e retaliação que nunca dá certo em lugar nenhum. 
 
Ao verdadeiro torcedor do Peixe resta a esperança de que a passagem desse pessoal que implantou essa mentalidade na condução do clube seja  a mais rápida possível e que um outro grupo político saiba  recolocar o Santos o quanto antes no patamar de grandeza que ele tem a tradição de ocupar. 
 
Bons e maus negócios tecnicamente
A contratação de Leandro Damião na gestão de Odílio Rodrigues é muito criticada. Realmente um fracasso. Mas se dirigentes podem ser responsabilizados por fracassos desse tipo, e os sucessos? Lucas Lima, também contratado na gestão de Odílio é considerado o melhor jogador em atividade no país…

Bons e maus negócios financeiramente
A negociação de Neymar com o Barcelona também é muito criticada. Mas e a de Danilo com o Porto que rendeu alguns milhões ao Peixe no ano passado quando ele se transferiu para o  Real Madrid? E a de Felipe Anderson que vai render ao Santos muitos milhões neste ano quando ele mudar da Itália para a Inglaterra?
 
Gestão temerária
O Santos registrou em 2014 um prejuízo de R$ 58 milhões. O número é usado como argumento contra o Comitê de Gestão anterior do clube. Só que no mesmo ano, tenebroso para o futebol brasileiro, o Corinthians teve prejuízo de R$ 97 milhões e o São Paulo, de R$ 100 milhões.
 
Será que o cenário em que o prejuízo aconteceu pode ser ignorado?