Enoleitores,
Vamos aproveitar o tema da semana passada e seguir descrevendo sobre as taças adequadas para os vinhos mais servidos.
Nos tempos arcaicos, as taças eram feitas de metal (estanho, cobre), terracota, até madeira… No início do século XIV surgiu, mais precisamente em Viena, o design das taças com haste e pé, elaboradas em vidro trabalhado eram lindíssimas…, mas com o advento do forno a carvão, junto ao uso do chumbo, iniciou-se uma nova era a da fabricação do cristal, tornando-as mais resistentes e adequadas que o vidro.
As taças de cristal são muito bem-vindas por apresentarem melhores resultados na percepção do brilho, assim como na percepção do corpo do vinho. Tem a vantagem de ser mais resistente que o vidro , apesar de sensível. O cristal por ser mais poroso propicia uma maior aeração do liquido e auxilia ainda na manutenção da temperatura do vinho na taça. Ao mesmo tempo que o chumbo foi importante na confecção das taças, mostrou-se nocivo à saude, e por isso vem sendo substituído por titânio.
As taças de espumante evoluíram daquelas mais abertas chamadas coupè para as flutes, que mantem as borbulhas e aromas por mais tempo, porém se voce for degustar belos champagnes vale ter a chamada grand cru, pois além desses mesmos fatores da flute, seu design propicia uma melhor percepção aromática e o liquido é projetado ergometricamente por toda a língua, proporcionando mais prazer em senti-lo na boca.
As de vinho branco costumam ter um bojo menor que os tintos, mais fechadas, mantêm a temperatura mais baixa e, numa quantidade menor, realçam as notas frutadas. A aba estreita entrega o fluxo do vinho através das áreas da lingua equilibrando acidez e doçura, importante ao vinho branco . Essas taças são importantes, principalmente no serviço dos sauvignon blanc, riesling seco, pinot grigio, chardonnay sem madeira. As mesmas servem aos rosés, pois estes têm aromas e temperatura semelhante ao do vinho branco, inclusive uma acidez acentuada.
Dentre as taças de vinho tinto as mais utilizadas são a tipo bordeaux e a bourgogne, vamos iniciar pela clássica bordeaux , desenvolvida para o serviço de vinhos mais encorpados e ricos em taninos, possui um bojo grande, mas a borda mais fechada para evitar a dispersão de aromas. A aba mais fina direciona o vinho para a parte frontal da língua propiciando que untuosidade e sabores frutados dominem a boca antes que os taninos ganhem força. As uvas mais apropriadas para esta taça são a cabernet sauvignon, cabernet franc, merlot, syrah, tannat, entre outras.
Já a bourgogne, abriga vinhos aromaticamente mais complexos e concentrados, e estes precisam do bojo amplo para maior aeração e consequentemente maior riqueza nasal e tátil. Este formato direciona o fluxo da bebida acima da ponta e centro da lingua, diminuindo a acidez e acentuando as qualidades mais arredondadas e maduras do vinho. Esta adequada para receber vinhos das castas pinot noir, tempranillo da Rioja, barbera, nebbiolo, amarone.
Os vinhos doces e os fortificados precisam de taças de bojo menor para serem consumidos em menor quantidade e ao mesmo tempo potencializar a sensação de doçura na boca. Para estes, uma boa dica é ter sempre à mão as taças iso, ou degustação, já que estas são apropriadas para todos os tipos de vinhos.
Enoabraços e uma ótima semana a todos!