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H1N1, a nova ameaça

02/04/2016Da Redação
H1N1, a nova ameaça | Jornal da Orla
Como se não bastassem a dengue, zika e chikungunya, agora uma nova ameaça volta a rondar a saúde da população: a gripe H1N1, ou Influenza A, que surgiu em 2009 e provocou na época uma pandemia mundial. Desta vez, porém, a própria população tem responsabilidade pelo risco de uma nova epidemia por ter se descuidado da vacinação contra a gripe, que teve uma queda na adesão nos últimos dois anos da campanha.
 
“Criaram um mantra ridículo que a vacina causa gripe e muitas pessoas deixaram de se imunizar. É impossível pegar gripe a partir da vacina, é um desserviço este tipo de ideia”, revolta-se o médico infectologista Ricardo Hayden. Ele acredita que uma das causas do recrudescimento da doença foi a baixa adesão da população à campanha nacional de vacinação em 2014 e 2015.
 
Segundo Hayden, que é diretor técnico do Hospital Guilherme Álvaro, houve lugares em que a cobertura da vacinação ficou abaixo dos 60% do público-alvo. Com isso, criaram-se as condições para que o vírus voltasse a circular, encontrando uma população mais vulnerável, menos protegida.
 
De acordo com o Ministério da Saúde, somente este ano foram confirmados até 19 de março mais de 300 casos e pelo menos 46 pessoas morreram em decorrência da doença. A maior parte dos doentes está no Estado de São Paulo. O total de casos e mortes no primeiro trimestre de 2016 já é maior do que todos os infectados e mortos pelo H1N1 em 2015, quando 141 pessoas tiveram a doença e 36 foram a óbito.

Sintomas iguais, consequências piores

Os sintomas da H1N1 são muito semelhantes aos sintomas da gripe comum, mas seu potencial de agressão ao organismo é mais forte e capaz de produzir quadros de maior gravidade nos pacientes, podendo causar a morte. A doença também pode se  apresentar da forma leve e se cura com hidratação, boa alimentação e repouso.
 
Febre acima de 38º, tosse e dificuldades respiratórias estão entre os principais sinais e normalmente, nesses casos, exige hospitalização. Coriza, espirros, dor de garganta e sintomas gastrintestinais podem ocorrer também. Mal-estar, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações costumam acompanhar a gripe.
 
Vacinar-se é ser responsável
“Por que devo me vacinar? Porque se não pego a doença, não passo para outro”, simplifica Hayden, citando o que chama de efeito manada: “quanto mais pessoas forem imunizadas, mais pessoas estarão protegidas do vírus. O mesmo vale para o inverso”. Como a vacina não tem efeito prolongado, ter tomado em anos anteriores não garante imunidade. 
 
Embora o Estado de São Paulo tenha atingido a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, de vacinar pelo menos 80% da população-alvo, dos 8,9 milhões de paulistas que integram os grupos de risco, apenas 7,5 milhões foram aos postos de saúde se vacinar em 2015. Ou seja, 1,4 milhão dessas pessoas ficaram sem proteção.

Imunização de grupos de risco

Diante do surto de gripe H1N1, a Secretaria de Estado da Saúde anunciou para o dia 11 o início da vacinação de idosos, gestantes e crianças de 6 meses a até 5 anos na capital e cidades da região metropolitana. Nas demais cidades do estado esses grupos serão imunizados a partir da mesma data prevista no calendário nacional de vacinação: 30 de abril. 
 
O vírus H1N1detectado no México, em 2009, e se disseminou rapidamente, causando uma pandemia mundial. Em 2010 foi desenvolvida vacina e efetuada a imunização em massa da população. A partir de então, o componente H1N1 passou a fazer parte da vacina contra gripe, que no Brasil é produzida pelo Instituto Butantã com os três tipos de vírus de maior circulação, identificados em casos atendidos durante o ano em clínicas sentinela. O Hospital Guilherme Álvaro é uma das muitas “sentinelas” que atuam no país. 
 
A imunização é oferecida gratuitamente, durante a campanha nacional, para idosos a partir dos 60 anos, trabalhadores de saúde, crianças entre seis meses e menores de dois anos, gestantes em qualquer fase da gravidez, presidiários, povos indígenas e outros grupos de riscos. Quem está fora do público alvo pode recorrer à rede privada para se vacinar.
 
Transmissão e prevenção
Este novo subtipo do vírus da influenza é transmitido de pessoa a pessoa principalmente por meio da tosse ou espirro e de contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas. No entanto, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a principal forma de transmissão do H1N1 não é pelo ar, mas sim pelo contato com superfícies contaminadas. O vírus resiste de 24 horas a 72 horas fora do organismo. 
 
Por isso, além da vacinação, o Ministério da Saúde orienta a população a adotar medidas de prevenção e de higiene, como lavar sempre as mãos e evitar locais com aglomeração de pessoas que facilitam a transmissão de doenças respiratórias.
 
Usar lenço descartável ao tossir ou espirrar também ajuda a controlar a proliferação do vírus. Máscaras descartáveis são indicadas para pacientes que apresentam os sintomas, especialmente em hospitais e locais de aglomeração, para evitar a transmissão do vírus.