TV em Transe

A dura tarefa de informar-se

24/03/2016 Christian Moreno
A dura tarefa de informar-se | Jornal da Orla
A cada dia que bassa, a bola de neve aumenta, assim como o bombardeio midiático ao qual somos submetidos.
 
Crise, impeachment, oposição, delação, Lula, Dilma, Moro, Cunha, LavaJato, STF… É difícil passar um dia sem ouvir essas palavras. Claro, temos de estar bem informados, mas trata-se de uma missão árdua.
 
Primeiro porque quantidade não implica necessariamente em qualidade. Não bastasse a extensa cobertura televisiva a respeito, na internet temos textos e opiniões aos borbotões, especialmente nas redes sociais. Sem falar nas outras mídias. Chega a ser atordoante. 
 
E como separar o joio do trigo? É possível buscar equilíbrio e isenção (caso existam)? Mas como, a partir do momento que o interesse privado de um veículo de comunicação se sobrepõe ao compromisso com o interesse público?
 
Como eu já disse, não se trata de uma tarefa fácil, ainda mais quando a polarização atinge o grau em que estamos. 
 
Semana passada destaquei uma campanha interessante da TV Gazeta a fim de estimular o debate de forma mais responsável e civilizada.
 
Uma prática interessante é convidar comentaristas de posições contrárias, como há tempos faz o telejornal da TV Cultura. A RedeTV! também está seguindo este caminho, ao contratar os jornalistas Reinaldo Azevedo e Cynara Menezes.
Curiosamente, são os canais menores que se mexem no sentido de oferecer algo diferente ao telespectador.
 
Em contrapartida, há uma rede onde todos os seus comentaristas, seja em sinal aberto ou a cabo, rezam pela mesma cartilha – a dos patrões. Creio que nem preciso citar o nome.
 
O jornalismo precisa de pluralidade, deve estimular o senso crítico. Não fazer o contrário.
 
Milagre – Uma bom exemplo de como se manipula uma notícia de acordo com os interesses do patrão pôde ser visto no “Domingo Espetacular”, da Record, dia 20. Uma reportagem alardeou a grande bilheteria do filme “Os Dez Mandamentos”, produção da emissora.
 
O longa superou até “Star Wars – O Despertar da Força”!Considerando a frieza dos números, não há contestação. Entretanto, nada falaram sobre a campanha feita pela Igreja Universal, que arrecadou dinheiro entre seus fiéis para a compra de ingressos, que seriam distribuídos para famílias carentes.
 
Segundo o UOL, apenas uma pessoa no Recife gastou o equivalente a R$ 220 mil em entradas. Resultado: muita grana, farta distribuição, sessões com ingressos esgotados mas salas vazias (à exceção da época do lançamento).
 
Porém, este “milagre da multiplicação de ingressos” não foi citado no “Domingo Espetacular”.