Clara Monforte

Olhos nos olhos com Monja Cohen

19/03/2016
Olhos nos olhos com Monja Cohen | Jornal da Orla
“Como lidar com as próprias emoções” foi o tema que trouxe a MONJA SOUZA COEN de volta a Santos para falar a um público emocionado na sede da Porto Seguro. Ela vem de brilhante trajetória como  jornalista no extinto “Jornal da Tarde”. Morou em Los Angeles, na década de 1970, iniciou práticas de zazen e, em 1983, fez os votos monásticos para entrar para o Mosteiro Feminino de Nagoya, onde residiu por oito anos e se graduou como monja especial (Tokuso). Agora, reside no templo Tenzui Zenji, em SP. É presidente do Conselho Religioso da Comunidade Zen Budista Zendo Brasil e do ViaZen/VilaZen do Rio Grande do Sul.
 
Qual o conselho que daria a qualquer pessoa?
Aprenda a olhar em profundidade. Veja a realidade como ela é. Não seja manipulado e nem  manipule. Para isso, conheça a si mesmo e as próprias emoções. Assim, verá a realidade como é, caso contrário, projetamos na realidade emoções e sentimentos, e maculamos o real.
 
E como fazer isso?
Existe um caminho, que é o que escolhi e o que recomendo: respiração consciente e meditação. Estudar o caminho das filosofias ou o das religiões para entender com profundidade o que os mestres e os sábios disseram e fazer com que esses estudos sejam provocações para experiências pessoais. Se não houver a experiência com o estudo ou o estudo sem a experiência, ambos ficam perdidos … Ambos se complementam.
 
Como a monja Cohen lida com as emoções?
É uma trabalheira danada (risos)! Observo o tempo todo e há momentos em que fico brava, irada! Por que não? Como trabalho isso? Às vezes escapa uma palavra mais rude, um gesto mais bravo. Aí eu falo: “Nossa! De novo ainda não consigo! Vou ficar mais atenta a mim mesma! O que me provocou? Por que não respondi de outra forma?”.
 
E o que a tira do sério?
É quando as pessoas não ouvem. Você fala e a pessoa escuta de outra maneira. Daí, o que tenho de aprender é: “como foi que eu não me tornei clara? Por que não fui capaz de entender que essa pessoa não está em capacidade de me ouvir ainda?”. É que ela não está pronta porque fui insuficiente. Quando assumo essa posição humilde, a indisposição por ela não ter me ouvido passa. Às vezes demora um pouco (risos), ainda estou em treinamento.
 
De jornalista a monja… Como foi?
Jornalismo foi que abriu os meus canais de percepção da realidade. Fui repórter de geral … cobria assassinatos, assaltos a banco, carnaval, fantasias… Percebí a multiplicidade de facetas humanas e de dores, sofrimentos ao vivo, tinha cheiro, cores. A gente fica sensibilizada… O que fazer para ter no mundo menos dor e menos sofrimento? Daí começou esse pensamento. 
 
Havia a intenção de se tornar monja?
Não tive essa intenção, eu queria meditar, encontrar um estado de tranquilidade no meio do caos, que é a vida, as provocações, os estímulos. Ao entrar no processo meditativo, falei: “nossa, é para isso que eu quero dedicar o resto da minha vida. Isso faz mais sentido do que tudo o que eu fiz”. Isso foi a maior revolução possível: a grande transformação em mim e no mundo … o meu olhar para o mundo mudou. 
 
Como isso se deu internamente?
Naquele momento, fiquei até com medo. Era época de governo militar, as pessoas eram presas. Pensava que se eu voltasse para o Brasil, me prenderiam, porque sou uma revolução viva e a mudança ocorreu em mim. Não tinha partidos para defender. Por isso eu digo: defendo o ser humano, e a vida. Viver pelas causas, pelo bem da humanidade,  sem querer matar ou destruir. Isso é um princípio básico para mim.

Dose certa
“Recital da Pianista Marlene Akel – Um Tributo a Luiz Alca de Sant’Anna”, dia 5 de maio, às 19h30, no Teatro Guarany. Promoção ACausa. Vamos participar!
“Festa do Reencontro” no Tênis Clube, relembrando o tempo em que tudo era branco e preto, neste sábado, às 21h, buffet Odila Hoehne. À frente, Marcos Anselmo Franco e César Alonso de Oliveira.
 
Na Pinacoteca Benedicto Calixto, sábado, às 17h, “Duo Para Todos” com os músicos Nathan Valente e Raffaela Pereira. Às 19h, o santista Umberto De Vuono lança o romance “Do Sal ao Céu – Reflexões da Alma”. Domingo, às 16h, o duo “So Ham” com mantras entoados por Rogério Baraquet e Diana Hybari.
 
Nesta quarta, Silvia Teixeira Penteado estará “Olhos nos Olhos” com a colunista da página para falar sobre os eventos comemorativos dos 30 anos da Fundação Benedicto Calixto, nesta quarta, às 21h, no “Programa JB”.
 
A face da coragem
No Reino Unido, a grife “Viva N Diva” contratou a ativista indiana Laxmi Saa para fazer a campanha “A Face da Coragem”. Aos 15 anos, foi vítima do ataque de um pretendente de 32, diante a negativa em se casar com ele. Revidando a desfeita, jogou um balde de ácido no rosto da moça que fez 5 cirurgias para chegar perto do que era antes. A marca que a contratou, ainda deformada,  afirmou que a iniciativa é para encorajar mulheres a serem fortes e autoconfiantes, sem que isso dependa da aparência. Belo gesto de a marca abraçar essa causa.
 
Questão de estilo
O “Wall Street Journal” publicou uma matéria com dois estudos recentes que afirmam que gente bem vestida tem mais chance de ascender profissionalmente. E não é porque são levadas mais a sério,  mas porque elas próprias se sentem mais poderosas e, assim, convencem com mais facilidade quem está à volta. Para isso, observaram dois grupos, um com pessoas em trajes despojados, outro mais formais, que, com a autoestima em alta, produziram melhor. Em momentos profissionais é isso o que acontece … Mesmo!

Sessentona e linda

Aos 63 anos, a atriz italiana Isabella Rossellini voltou a ser o rosto da grife de maquiagens e cremes de tratamento “Lancôme”. Antes, foi porta-voz da marca durante muito tempo, mas, aos 40 anos, foi dispensada. Muitas críticas e jovens modelos depois, não houve quem representasse tão bem, com  o carisma e a beleza da musa veterana que, de volta, divulgará segredos de beleza associados à vida plena e ao bem-estar. Valeu!
 

Erros e acertos
Talvez você esteja em um dia ruim, ou apenas não tenha conseguido o que se propôs a alcançar hoje. Não desperdice o amanhã, debatendo-se no mesmo ponto: faça diferente no dia seguinte. Continue sua jornada do ponto em que parou, deixe os obstáculos para trás e siga adiante… Mesmo que bata aquela tentação de olhar para trás, não olhe! Para crescer, é preciso admitir erros e reparar pontos falhos: só assim eles perderão o controle que têm sobre nós. Erros, todos cometem. Na verdade, você pode estar mais certo do que é errado e, quando for o contrário… A chave é reconhecer os erros e retomar o caminho.

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