Segundo o psicólogo Eraldo Melo, a ansiedade é um dos grandes vilões da era moderna. Quando a pessoa está extremamente ansiosa, dificilmente sua mente vai atuar a seu favor. “Essa sensação agoniante pode lhe prejudicar muito e limitar sua vida. Por isso, é necessário estar em um equilíbrio emocional para saber administrar o cotidiano estressante que qualquer pessoa pode ter”, afirma.
Mais do que três dos seguintes sintomas devem estar presentes: inquietude, fadiga fácil, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, distúrbios do sono. Podem haver tremores, abalos e dores musculares, nervosismo ou irritabilidade, associados à tensão muscular. Muitos indivíduos com Transtorno de Ansiedade Generalizada também experimentam sintomas somáticos, como mãos frias e pegajosas; boca seca; sudorese; náusea e diarreia; frequência urinária; dificuldade para engolir ou “nó na garganta” e uma resposta de sobressalto exagerada. A comorbidade (associação com outros transtornos mentais) ocorre entre 80 e 90% dos pacientes. A depressão é maior em mais de 60% dos pacientes, piorando o prognóstico.
Em crianças e adolescentes
Em crianças e adolescentes com Transtorno de Ansiedade Generalizada, a ansiedade e preocupação frequentemente envolvem a qualidade de seu desempenho na escola ou em eventos esportivos, mesmo quando seu desempenho não está sendo avaliado por outros. Pode haver preocupação excessiva com a pontualidade. Elas também podem preocupar-se com eventos catastróficos, como terremotos ou guerra nuclear. As crianças com o transtorno podem ser excessivamente conformistas, perfeccionistas e inseguras, apresentando uma tendência a refazer tarefas em razão de excessiva insatisfação com um desempenho menos que perfeito. Elas demonstram excessivo zelo na busca de aprovação e exigem constantes garantias sobre seu desempenho e outras preocupações.
Uma das sensações que mais atormentam
“Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma”. A frase, de Alberto Caeiro, é citada pelo escritor Rubem Alves em seu artigo “A arte da escutatória”. “Não aguentamos ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor: “Se eu fosse você…” Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor”, diz o autor.
É justamente esta habilidade de ouvir com atenção que é oferecida pelos voluntários do CVV – Centro de Valorização da Vida, instituição que desenvolve trabalho de prevenção ao suicídio. A ansiedade é um dos sentimentos mais percebidos entre as pessoas que procuram o serviço, de acordo com o porta-voz do posto do CVV em Santos, Renato Caetano de Jesus. “A gente percebe pela angústia, respiração ofegante, a pessoa não consegue coordenar a ordem dos pensamentos. O que se nota é um sentimento de melancolia, abatimento, angústia, ansiedade muito presente. Outro sentimento é a solidão”, diz.
Saber ouvir com atenção e respeito é algo muito pouco praticado. “Deixar a pessoa falar qualquer um sabe, o problema é prestar atenção no que está sendo dito. A dificuldade é ouvir o lado do outro”, comenta Renato, ressaltando a importância de deixar a pessoa desabafar, ouvir com respeito, aceitar o outro como ele é, deixar dividir o peso, até porque a pessoa com pensamentos suicidas geralmente passa vários recados antes de chegar ao ato em si. “A gente não sabe dizer o resultado disso, pois não somos profissionais. Nosso objetivo é manter alguém que vai escutar na hora que a pessoa ligar e falar o tempo que quiser”. Em Santos o CVV atende 24 horas, todos os dias, pelo tel. 3234-4111.
Equilíbrio emocional
Com a correria do dia a dia, as pessoas passam por vários desafios e cobranças. Assim, passam a existir dois tipos de pressão: a interna, em nós mesmos, e a externa, do mundo a nossa volta. Seja na esfera pessoal, familiar ou profissional, todos experimentam momentos difíceis e, para lidar da melhor forma possível com o equilíbrio emocional é importante criar ações que reduzam o descontrole dos impulsos e os rigores do estresse, evitando comprometer o bem-estar e a qualidade de vida.
De acordo com a psicanalista e coach Andreia Rego Andreia, as emoções são contagiosas, ou seja, se uma pessoa estiver raptada emocionalmente, provavelmente outras ficarão desestabilizadas. “Para se ter uma vida saudável, é preciso ter autoconsciência, autocontrole emocional, autoconfiança, senso de colaboração, comunicação e empatia. Escolher alguns desses cinco pilares a ajuda a colocar pequenas ações em andamento”, afirma ela, que ressalta que o reforço diário da autoconsciência também é fundamental para olhar a si e aos demais com mais paciência e compaixão.
“O indivíduo que trabalha novos hábitos ao longo do tempo transforma-se num catalisador de mudanças, visto que estabelece uma habilidade essencial, que é a pausa antes de reagir. Esse fator dá espaço para a mente poder considerar as melhores opções a escolher”, explica a especialista.
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