TV em Transe

Caldeirão do Huck? Não, obrigada.

24/02/2016 Christian Moreno
Caldeirão do Huck?  Não, obrigada. | Jornal da Orla
Acredito que muita gente não pensaria duas vezes em dar as caras num dos piores programas da tevê, mas a historiadora, professora e ativista Luana Tolentino deu um sonoro não como resposta
 
Ela foi convidada para um especial referente ao Dia Internacional da Mulher por ser uma “mulher inspiradora”. Declinou do convite e explicou suas razões em um post numa rede social.
 
“Minha decisão não se deu pelo fato do Caldeirão do Huck fazer parte da programação da Rede Globo, emissora pela qual tenho uma infinidade de críticas e há muito tempo não assisto. Longe disso. Não aceitei porque não me agrada a espetacularização que é feita com a vida das pessoas que tem uma ‘história de superação’.
Não aceitei porque não vou me prestar ao papel de reforçar o discurso da meritocracia, que discordo e combato com veemência. 
 
– Luana, você é a prova de que quando as pessoas realmente querem, elas conseguem! – Foi o que a produtora me disse. Mas não é bem assim. De fato, desejei estudar, desejei escrever, desejei ser professora. Me sinto grata, rica, realizada em poder fazer tudo o que eu sempre quis. Porém, provavelmente tudo teria sido muito diferente não fosse a estrutura desigual, racista e machista do nosso país.
 
Para chegar até aqui tive que romper barreiras visíveis e invisíveis. Nesse percurso fui me arrebentando de tal maneira que às vezes tenho a sensação de que sou toda quebrada por dentro. São questões que precisam ser ditas, mas a produção e o Luciano Huck não têm o menor interesse em debatê-las ou enxergá-las…
 
Respeito o trabalho da profissional que entrou em contato comigo. Por isso agradeci imensamente o convite. Por outro lado, não vejo o menor sentido em ser homenageada no dia 8 de março pelo Luciano Huck, que durante a Copa usou o programa para oferecer brasileiras aos gringos, como se fôssemos mercadoria”, finalizou. 
 
Ofensa – A responsável pelo maior crime ambiental da história do país, que fatura bilhões por ano mas alega dificuldades financeiras para reparar os danos que causou, gastou milhões em uma campanha publicitária veiculada semana passada para tentar limpar sua enlameada imagem. 
 
Por conta disso, houve uma enxurrada de queixas de telespectadores no Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, que abriu um processo para verificar se as informações veiculadas no comercial são verídicas. Já o Ministério Público Federal em Minas Gerais enviou à Samarco um ofício questionando os valores da campanha publicitária.