Coluna Dois

Futebol brasileiro: decadência sem elegância. E sem projeto.

02/01/2016
Futebol brasileiro: decadência sem elegância. E sem projeto. | Jornal da Orla
Em 2000, a Seleção Alemã foi eliminada na primeira fase da Eurocopa, o campeonato europeu de seleções nacionais. Na despedida, apanhou de 3 a zero do time reserva de Portugal. 

A luz vermelha acendeu. A decadência ficou explícita. A partir daí, foi feito um projeto de reformulação. O país temia um vexame na Copa que iria sediar em 2006. 

Os 36 clubes profissionais foram obrigados a investir em escolinhas de futebol. A escolha de futuros jogadores usou como critério a habilidade com a bola e não a tradicional força alemã. Treinadores e dirigentes foram estudar os métodos de países que revelam jogadores tradicionalmente, como a Holanda. Atualmente a Alemanha tem cerca de 400 centros modernos de treinamento. 

Os sócios dos clubes passaram a ter direito de ficar com 51% dos votos nas decisões para evitar “donos” como na Inglaterra. Os ingressos passaram a ser os mais baratos da Europa, na faixa de 20 euros. Os direitos de TV passaram a ser distribuídos de forma mais justa e equânime entre os clubes pela Bundesliga. O mais poderoso ganha o dobro do vigésimo. 

O campeonato alemão ganhou competitividade. Passou a ter a maior média de público do continente, quase 50 mil espectadores pagantes em média e 95% de ocupação dos estádios. 

Os resultados são espantosos. Uma final alemã da Champions League entre Bayern e Borussia. Média de 65% de jogadores alemães na Série A,  Goleada de 7 a 1 sobre o Brasil na Copa conquistada em 2014.

No futebol brasileiro também se acendeu uma luz vermelha justamente nesses 7 a 1. A decadência se tornou explícita.  

E o que foi feito nesse um ano e meio de lá pra cá?  

Faixa de cobrança 

Uma faixa colocada na Padaria Santista, no Canal 5, em Santos, cobrava neste mês de dezembro, da direção do Santos, tratamento digno ao ex-atleta, es-treinador e ex-supervisor das categorias de base, Joãozinho, demitido em abril, e que teve a promessa de recontratação não-cumprida. 
 
Quem com ferro fere…
A direção do Santos podia terminar o ano sem essa… Recebeu, segundo o jornal Estadão, resposta constrangedora do Barcelona em relação ao bônus de dois milhões de euros que o clube esperava receber por Neymar ter sido um dos três finalistas da escolha do melhor jogador do mundo neste ano pela Fifa.

Se o contrato não presta, se é contestado na Fifa, se é lesivo ao Santos, se o clube pede a suspensão de Neymar por seis meses, perguntam os dirigentes do Barcelona na tal resposta, por que essa cláusula deveria ser cumprida? O clube catalão depositou a quantia em juízo.  

Para completar o quadro, o ídolo declarou que enquanto Modesto Roma estiver na direção, ele não joga mais no Santos.
 
Mercado 
O Palmeiras continua sendo o principal destaque da janela de transferências. Na semana, passada acertou com o zagueiro Edu Dracena e o atacante Erik, revelação do Goiás, e pagou R$ 13 milhões por 60% dos direitos econômicos do jogador. O Santos não conseguiu a contratação do zagueiro Thiago Heleno, do Figueirense, que foi para o Furacão e se aproximou dos atacantes Paulinho, do Flamengo,  e Boschilia, ex-São Paulo. mas continua com muitas dificuldades para manter o meia Marquinhos Gabriel. O Corinthians pode perder Elias para o futebol chinês.
 
Ivan Storti/Santos FC
 
Novo capítulo 
O atacante Leandro Damião  (acima) segue livre no mercado. Na semana passada, o Santos teve o recurso negado pela Justiça do Trabalho, após recorrer da decisão que rescinde o vínculo contratual do jogador. O clube continua na tentativa de anular a decisão que favorece o atacante. Caso não reverta a situação, o Peixe vai ficar com uma dívida de R$ 65 milhões de reais com o fundo maltês Doyen Sports, que bancou a contratação do centroavante. Nesta semana, tanto o atacante quanto a direção do Peixe sinalizaram sobre a possibilidade de Damião se reapresentar no clube em janeiro. 
 
F-1 sai do armário 1 
O tricampeão Lewis Hamilton, apesar de discordâncias públicas com a escuderia Mercedes, afirmou em entrevista que não desobedeceria a uma ordem da equipe para ser ultrapassado por um companheiro. “Não é uma questão pessoal, envolve 1.300 pessoas, disse o inglês.” Os tricampeões brasileiros Senna e Piquet jamais obedeceriam a uma ordem dessas. Sinal dos tempos.
 
F-1 sai do armário 2 
As tradicionais grid girls tiveram companhia de grid boys nos grandes prêmos de Mônaco e Brasil neste ano. A novidade foi aprovada e vai ganhar espaço em 2016.