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A nova ameaça do Aedes aegypti

05/12/2015Da Redação
A nova ameaça do Aedes aegypti | Jornal da Orla
Como se não bastasse a dengue que há anos assombra a população, agora surge uma ameaça ainda maior protagonizada pelo mesmo algoz: o mosquito Aedes aegypti. É ele o transmissor do zika vírus, que pode causar microcefalia em bebês de gestantes infectadas. O temível inseto é ainda responsável pela transmissão de febre chikungunya (que provoca intensas dores nas articulações) e da síndrome Guillain-Barré, uma doença paralisante.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu alerta mundial para que seus mais de 140 países-membros reforcem a vigilância para o eventual crescimento de infecções provocadas pelo zika vírus. Também sugeriu o isolamento dos pacientes. O comunicado da OMS cita diretamente o aumento de nascimentos de bebês com má-formação (este ano já foram confirmados 1.248 casos em 14 estados brasileiros) e de casos da síndrome Guillain-Barré identificados no Brasil.
 
A doença
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. O problema pode também ser causado por substâncias químicas e agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação.

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. A doença não tem cura. O tipo e o nível de gravidade da sequela vão variar caso a caso. Tratamentos realizados desde os primeiros anos melhoram o desenvolvimento e a qualidade de vida da criança.

O diagnóstico é feito no nascimento ou ainda durante a gestação, por meio do exame de ultrassom. Depois do nascimento e identificado o problema, por meio da medição do perímetro cefálico, o bebê deve ser encaminhado para a realização de uma tomografia, que possibilitará avaliar os danos provocados pela malformação.
 
Paulo Paiva
 
Os sintomas
Os principais sintomas da doença provocada pelo zika vírus são febre intermitente, erupções na pele, coceira e dor muscular. A evolução é benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente em até 7 dias.

Pelo relatado dos casos até o momento, as gestantes cujos bebês desenvolveram a microcefalia tiveram sintomas do vírus zika no primeiro trimestre da gravidez. Mas o cuidado para não entrar em contato com o mosquito Aedes aegypti é para todo o período da gestação.
 
Como se proteger
Neste momento, o Ministério da Saúde orienta as gestantes que não usem medicamentos não prescritos pelos profissionais de saúde e que façam um pré-natal qualificado e todos os exames previstos nesta fase, além de relatarem ao seu médico qualquer alteração que perceberem durante a gestação. Também é importante que elas reforcem as medidas de prevenção ao Aedes aegypti, com a aplicação de repelentes indicados para o período de gestação, uso de roupas de manga comprida e todas as outras medidas para evitar o contato com o mosquito.

A população em geral deve fazer a sua parte no combate ao terrível inseto, não deixando água parada, mantendo a lixeira e a caixa d´água fechadas, garrafas viradas para baixo, calhas limpas e outras medidas já bastante difundidas.
 
Inimigo poderoso
Resistente e adaptável, com voraz apetite por sangue humano, o Aedes aegypti é um mosquito urbano que se tornou um eficiente vetor para a transmissão de doenças. Segundo o infectologista Felipe Pizza, do Hospital Albert Einstein, entre os agentes de contaminação, esse mosquito é o que tem a capacidade de transmitir a maior variedade de doenças.

Considerado uma das espécies de mosquito mais difundidas no planeta pela Agência Europeia para Prevenção e Controle de Doenças, o Aedes aegypti – nome que significa “odioso do Egito” – é combatido no país desde o início do século passado, quando chegou a ser erradicado duas vezes, a primeira graças à intensa campanha comandada por Oswaldo Cruz no combate à febre amarela.

O especialista reforça que o mosquito prefere água limpa para colocar seus ovos, e qualquer objeto ou local serve de criadouro. “Mesmo numa casca de laranja ou numa tampinha de garrafa, se houver um mínimo de água parada, seus ovos se desenvolvem”. Os ovos também podem permanecer inertes em locais secos por até um ano, e, ao entrar em contato com a água, desenvolvem-se rapidamente – num período de sete dias, em média.

Um aspecto que também favorece a reprodução é o fato de a fêmea colocar em média cem ovos de cada vez, mas não fazer isso em um único local. Em vez disso, ela os distribui por diferentes pontos. E embora prefira sair em busca de sangue pela manhã ou no fim da tarde, o Aedes aegypti é oportunista. Se não tiver conseguido se alimentar de dia, vai picar de noite.