
Novembro não está fácil. Em duas semanas, presenciamos o mais terrível desastre ambiental da história do país e o maior atentado terrorista já registrado em Paris.
Cabe ao jornalismo o papel de nos deixar atualizados e (bem) informados a respeito. A tarefa é complicada, diante da complexidade dos acontecimentos, especialmente no caso da televisão.
Pisando em ovos
Em relação a lama tóxica despejados sobre Mariana pelo rompimento das barragens da Samarco Mineração, algo curioso tem acontecido. A grande imprensa, que costuma não precisar de provas para fazer acusações e apontar culpados, anda pisando em ovos.
Em primeiro lugar, acho que os telejornais deveriam tratar o assunto de forma mais enfática e profunda. A cobertura tem sido até tímida se considerarmos o desastre sem precedentes ocorrido em Minas Gerais. Fala-se basicamente em suas conseqüências para a população das cidades envolvidas e para o meio ambiente. Quanto à apuração dos responsáveis, não noto o mesmo empenho – também é função da imprensa cobrar as autoridades.
Dedo na ferida
Os dois gigantes por trás da Samarco – Vale e BHP – são pouco citados. Na tevê aberta, a melhor reportagem que vi até agora foi, disparado, a do “CQC” da Band.
O repórter Juliano Dip foi até Mariana e colocou o dedo na ferida – tanto que foi proibido de participar de uma coletiva realizada pela mineradora. Entre outras coisas, ele visitou os desabrigados para conferir em que condições estão sendo mantidos pela Samarco e foi convidado a se retirar do local após ouvir algumas reclamações.
O “CQC” também fez questão de ressaltar informações importantes que deveriam ser sempre lembradas, pois estariam na origem do problema: a Vale doou R$ 80 milhões para as campanhas de políticos na eleição de 2014 (de candidatos a presidente a deputados); em Minas há apenas 4 fiscais para verificar mais de 730 estruturas de barragens!
Barbárie
Enquanto isso, na França, o Estado Islâmico promovia um novo ato de barbárie. Na noite do atentado, as emissoras promoveram um corre-corre frenético para cobrir o fato, e quem se saiu melhor foi a Rede TV!.
Ela ficou em vantagem por contar com um correspondente na cidade, Marcos Clementino. Apesar da tensão – ele estava em frente ao Stade de France – o repórter saiu-se muito bem. Record e Globo tinham profissionais em Londres, o que dificultou os trabalhos por conta da distância. Já a A Band teve que recorrer à experiência do âncora Ricardo Boechat para tocar o barco.
Jornal Nacional
Voltando à Globo, a edição do “Jornal Nacional” mais confundiu do que explicou. Chegou a um ponto em que William Bonner e o correspondente Roberto Kovalick pareciam falar línguas diferentes. Aliás, é histórico o problema da emissora para o improviso em transmissões ao vivo.
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