Enoleitores,
Hoje vamos falar um pouco da Puglia, aquela região da Itália que fica no salto da bota, banhada pelos mares Jonio e Adriatico, região da família do meu bisavô Paolo Ventura, de onde recebi minha cidadania italiana, portanto também de onde tenho raízes…
Esta localidade é uma grande planície muito ensolarada, com verões muito quentes, as chuvas costumam cair no inverno e após a colheita, por isso é possível vinhos de uvas bem maduras. Ali os terrenos custam bem menos que no Norte, motivo de respeitados produtores italianos como Antinori, GIV, Casa Girelli montarem vinícolas neste local. A Puglia produz 14% do total de vinhos do país mas apenas 2,5% é nivel DOC. Esta modernização se deu há cerca de 10 anos com o aumento da vinificação do chamado Novo Mundo, isto é, das regiões vitiviníferas que surgiram com vinhos de boa qualidade fora da Europa, e uma parcela mais jovem dos produtores através de seus enólogos com formação atualizada recorreram aos subsídios oferecidos pela União Europeia e pela iniciativa privada que injetaram o capital necessário para a modernização dos equipamentos, e propiciaram o aparecimento de ótimos vinhos, muitos fermentados em inox, outros passam por madeira e assim podem agradar aos diferentes gostos.
Hoje vamos apenas comentar sobre a mais conhecida uva tinta da região, e que dá ótimos vinhos, a primitivo, esta origina-se da uva croata plavac mali, assim como também tem descendência da americana zinfandel, produzindo vinhos muito macios e frutados.
Os considerados melhores, são os primitivo di manduria, que origina vinhos compactos, alcoólicos, densos e muitas vezes percebe-se certa doçura no final, seus aromas costumam ser de frutas negras como cereja e ameixa, especiarias, alcaçuz, deixando no final de boca uma compota de ameixas. Só para citar alguns indico a linha Papale, produzido pela cantina Varvaglione e o top de linha é o Papale Oro, um vinho elegante, de cor vermelho rubi, brilhante, aromas de frutas negras como ameixa, madeira sutil, no paladar é um vinho equilibrado, boa acidez, taninos finos, equilibrado, longo deixando um gosto de ameixa em compota.
Indico também um mais conhecido muito apreciado, principalmente pelas mulheres , que é o Pazzia, da Lucarelli um vinho de cor vermelho púrpura intenso, aromas de frutas negras, especiarias como Pimenta, tabaco, na boca elegante, taninos macios, boa acidez, equilibrado, persistente deixando um gostinho de chocolate no final.
Mas agora, escrevendo , recordo-me de um dos primeiros vinhos que provei desta uva que foi o Sessentanni, servido pelo Celso La Pastina, na festa de 60 anos da empresa, até hoje sinto prazer nesta recordação, lembro-me ser um vinho escuro, frutas negras como ameixa, na boca superelegante, macio, persistente, deixando um gostinho na boca de baunilha, café, esse vale conhecer…
Estes vinhos harmonizam bem com massas de queijo ao molho de tomates, codornas, cordeiro, risoto de funghi fresco, entre tantos outros pratos.
Como a Puglia tem outras excelentes castas tanto brancas como tintas dedicaremos a próxima semana para comentarmos pois são deliciosos…
Enoabraços e uma ótima semana a todos!