“Vinha sonhando com isso há muito tempo. Hoje sentei na cama e pedi a Deus para me dar esse título. Vim com tudo para essa bateria. Descansado e dei meu melhor. Queria agradecer a todo mundo, meus patrocinadores, meus pais, todo mundo que torceu por mim”, vibrou o campeão, que é da Prainha Branca, quase divisa com Bertioga.
Ele também comemorou muito o prêmio especial: “Irado. Sempre penso em surfar essa onda e agora esse sonho vai se realizar”. O pai, Valclei Lemos, não conseguiu conter a emoção. “Ele deu um show. Foi merecido. Ele merece. Só Deus sabe o que a gente passa para estar nos campeonatos”, comentou, chorando.
Para chegar à finalíssima, Mottinha sagrou-se campeão da categoria iniciantes (até 14 anos), mantendo uma sequência de cinco títulos no Circuito. Também comemoraram os títulos de 2015 – Wesley Moraes, na open, Matheus Mariano, na júnior (limite de 18 anos), Giovani Pontes, na mirim (no máximo 16 anos), Binho Hanada, na master (35 anos em diante) e Eric Miayakawa, na Sup Wave.
Outras três conquistas ficam com surfistas de outras cidades: Julia Santos, de São Vicente, levou a melhor na feminina), Wenderson Biludo, de São Sebastião, faturou na longboard (pranchões), e Gustavo Giovanardi, de Praia Grande, foi o único atleta com 100% de aproveitamento no Circuito, para garantir o caneco na estreante (sub12).
Dos campeões da temporada, apenas Giovani Pontes, Júlia Santos e Gustavo Giovanardi ganharam na etapa final. Nas outras seis vitórias, destaque para o experiente Jojó de Olivença, ex-WCT, bicampeão brasileiro profissional, com uma atuação impecável na master, garantindo a maior somatória do evento – 18,10 pontos, aos 48 anos de idade. Outra grande atração foi o campeão mundial de Sup Wave, Leco Salazar, que também garantiu uma excelente performance nas ondas. Mas, sem dúvida, a decisão mais emocionante foi a open.
Wesley Moraes precisava vencer ou ficar em segundo para levar o título. Saiu na frente, mas caiu para segundo, com show de Gabriel André, com 9,83 e 7,83. Valdemir Oliveira, com uma nota oito, passou para segundo e Wesley precisava tirar um 6,44 para recuperar a posição e no finalzinho garantiu a onda salvadora e só ficou sabendo o resultado quando já estava na areia – 6,77.
Na disputa do supercampeão, o mesmo Wesley foi o único que chegou a ameaçar o reinado de Eduardo Motta. O vencedor abriu a bateria com uma 7,83 e ficou aguardando uma segunda boa onda. Wesley, único com esse título (em 2010), tinha um 5,23 e com um 6,5 chegou a assumir a ponta, mas por apenas um minuto, porque na sequência, Mottinha deu o troco com uma esquerda, começando com uma “paulada” no lip e uma série de rasgadas até o raso, para tirar o 9,33 e liquidar a fatura.
Daí em diante, Wesley Moraes, Giovani Pontes, Matheus Mariano e Binho Hanada (Amaro Matos não participou) ficaram em “combinação”, precisando de 17,17 pontos para virar o resultado. “Foi merecido. O Eduardo Motta, sem dúvida, é um dos principais nomes revelados dessa nova geração de Guarujá e é muito bom ele ficar marcado na história do nosso Circuito”, comentou o presidente da Associação de Surf de Guarujá, Paulo Gonçalves, o Paulinho Tomboys.
Nas finais da etapa, a primeira no mar foi a estreantes. Gustavo Giovanardi não deu chances aos rivais, com notas 8,17 e 6,33. Na iniciante, Eduardo Motta, depois de duas vitórias seguidas, foi superado por Juquinha Júnior, mesmo tendo a melhor nota da final, 8,33. O filho do shaper Luiz Juquinha virou no final para comemorar sua primeira vitória. Na feminina, a disputa foi de alto nível entre Julia Santos e Louise Frumento, outra filha de Juquinha. A atleta de São Vicente garantiu um 8 e um 7,77, enquanto que a surfista local teve um 6,5 e um 8,27. Precisava de 7,5 para virar e ficou com 7,33. No resultado final, 15,77 a 15,60.
Na mirim, Giovani Pontes vinha de dois vices e comemorou o novo título com uma vitória convincente, com notas 7,83 e 8,77, descartando um 7,67. Cauan Gonçalves, filho do ícone Jojó de Olivença, deu trabalho com uma nota 8,67. “Treino no Canto do Maluf todos os dias, treinei muito para essa etapa e a vitória veio na hora certa”, vibrou Giovani, que comemorou muito o resultado ao lado do pai, Genesis.
Nos pranchões, quem levou a melhor foi Daniel Farias, com direito a uma nota 8, apresentando um estilo bem clássico. Já na máster, Jojó fez uma bateria impecável, com ondas 9,5, 8,6, descartando um 8,5 e um 7,67. Na briga pelo título do Circuito Will Amaro estava em segundo, garantindo o troféu, mas sofreu uma lesão no joelho direito e teve de abandonar a disputa, ficando em quarto, atrás de Binho Hanada.
No Sup Wave, outra disputa de alto nível técnico. Leco Salazar faturou a etapa, com 7,5 e 8 e Eric chegou perto com 8,33 e 7. “Foi um ótimo treino, com grandes nomes competindo. É sempre bom para manter o ritmo”, comentou Leco. “Vou continuar competindo por aqui e enquanto estiver me saindo bem”, relatou Eric, aos 40 anos de idade.
Na júnior, Matheus Mariano entrou como novo campeão, mas quem brilhou foi Vitor Mendes, faturando a sua segunda vitória seguida. Nathan Kawani começou muito bem, com 8,5 e 7,5 e Vitor garantiu o primeiro lugar com um 9 e depois um 7,17.
Na areia, o Circuito teve ações socioambientais, com a distribuição de mudas nativas, como palmito jussara e Abricó, no Rip Curl Planet, e a doação de mais de 100 quilos de alimentos arrecadados junto às inscrições. “Mais um circuito finalizado. Um campeonato super tradicional e é um prazer estar ajudando o pessoal a revelar novos talentos. Com certeza, estaremos de volta nessa parceria em 2016”, destacou Fernando Gonzalez, do marketing da Rip Curl no Brasil.
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