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Depressão pós-parto

08/08/2015Da Redação
Depressão pós-parto | Jornal da Orla
Algumas mães enfrentam um problema que vai em direção contrária à expectativa normal de alegria com a chegada de um bebê: a depressão no pós-parto. Até mesmo quando o bebê nasce saudável, o pai fornece todo o suporte necessário e a família está feliz, essas mulheres são invadidas por uma espécie de melancolia que não sabem explicar. Esse sentimento pode ser passageiro e desaparecer em alguns dias, mas quando ele se prolonga é motivo de preocupação, pois pode evoluir para um quadro mais grave de apatia e rejeição ao bebê.

Muitas dessas mulheres atribuem os sintomas ao estresse ou não têm suas queixas valorizadas.  Em um passado não muito distante, ninguém falava em depressão pós-parto e os transtornos de humor eram considerados traços da personalidade feminina. Sem diagnóstico nem tratamento adequado, a doença pode se tornar crônica. O psiquiatra Ivan Morão, do Hospital e Maternidade São Luiz, da capital, explica por que isso acontece.

Segundo ele, além de ser marcado por uma alteração hormonal, o pós-parto é também uma mudança no estilo de vida. “Têm mães que entendem a gravidez não como um ganho, mas como uma perda de beleza, espaço, convívio social e relações no trabalho, entre outros motivos. Isso pode desenvolver um quadro depressivo grave que vai fazer com que surja um sentimento de rejeição, algo que está além do quadro hormonal e implica como ela vai lidar com esse novo ser em sua vida”.

O psiquiatra conta que a depressão pode surgir de duas a três semanas após o parto ou apresentar sintomas até mesmo durante a gestação. “Se ela teve um quadro depressivo anterior, a chance de ter novamente é maior. Além disso, se a mulher teve depressão pós-parto em outra gravidez, ela tem 50% de chance de repetir o episódio”, alerta.
 
Sintomas e tratamento
Ivan Morão diz que os sintomas são os mesmo da depressão em sua forma clássica. “Variação de humor para o polo negativo, tristeza, apatia, desinteresse, fraqueza, diminuição do apetite, sono perturbado, irritação e baixa autoestima. O risco de agressão à criança é muito baixo. O maior risco para o bebê é o próprio desinteresse e rejeição da mãe”.

O psiquiatra informa que se for detectado um quadro grave, de incompatibilização com o bebê já nos primeiros dias, o tratamento deve ser imediato. “Quando é um o quadro mais leve, uma alteração sutil de humor que contrasta com uma expectativa de felicidade, é possível aguardar duas semanas”, orienta. O tratamento combina psicoterapia e medicação. “O papel da família é fundamental para dar conforto à mulher. “É importante compreender a situação sem julgamentos”, aconselha o psiquiatra.