Enoleitores,
Viemos dar um passeio em Bento Gonçalves, a capital do vinho no Brasil. Há nove anos que eu não vinha para cá, e como mudou… As vinícolas estão mais aprelhadas e modernas, todas atualizadas, uma organização perfeita para o turismo enogastronômico. Dá para se sentir como no Velho Mundo.
Entre as repaginadas fomos na Pizzato, uma vinicola familiar tocada pelo seu Plínio e filhos. Quem nos recebeu foi a Flávia Pizzato, que, junto com a simpática Aline, nos apresentou seu novo lançamento, o espumante Vertigo 2013, colocado à venda há dois meses. É um nature, somente 500 garrafas, elaborado pelo método tradicional com as uvas Chandonnay e Pinot Noir, sendo maturado por dois anos e deixando-se um pouco de levedura na garrafa, não usando o licor de expedição nem a técnica do degourgement, assim, finalizado na garrafa como proposta para que possa se manter em guarda, evoluindo engarrafado. Apresentava-nos uma cor amarelo verdeal, aromas de frutas cítricas como abacaxi, na boca uma perlage finísima, boa acidez, estruturado, persistente, deixando um gosto herbáceo e final de boca longo; depois de um tempo na taça apresentou aromas de amendoas e fermento de pão.
Dentre os tintos iniciamos com o Fausto Verve, um blend de Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat, um vinho elegante com bom equilíbrio, acidez correta e pronto para beber. Da linha de alta gama provamos o Conceitus 2010, elaborado com 65% de Merlot, Tannat e Cabernet Sauvignon. Estagiou por 12 meses em barricas novas francesas e americanas. Apresentava aromas couro, especiarias e frutas vermelhas.
Na boca, um equilíbrio elegante e com um belo retrogosto. Finalizamos com o seu Merlot DNA 99-2011, elaborado somente em anos excepcionais, quando as uvas estão com o DNA equivalente ao da safra de 1999, assim puderam apresentar um Merlot tão bom ou melhor que o 1999 (este nome foi dado devido ao início da vinícola e do seu 1º vinho, que foi um Merlot excepcional, sendo eleito o melhor do Brasil. Ele estagia por 18 meses em barricas novas francesas, colheitas escolhidas e manual, apresentava aromas de frutas vermelhas maduras, especiarias, chocolate, e na boca seco, equilibrado, taninos finíssimos, acidez correta, presente para guardar por mais uns cinco anos, quando estará no auge. Muito longo e uma final de boca de ameixas pretas.
Na próxima semana ainda continuaremos a viajar pelos vinhos brasileiros, tem muita coisa boa para ser comentada. O pessoal aqui está se superando dia após dia e, com certeza, merecem nossos parabéns pois estão sabendo driblar com sabedoria as adversidades de nossos terroirs!
Enoabraços e uma ótima semana!