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A polêmica do trabalho infantil

23/07/2015 Christian Moreno
A polêmica do trabalho infantil | Jornal da Orla
Na mesma semana, um juiz da Infância e Juventude do Tribunal do Trabalho da 2ª Região de São Paulo tomou duas decisões polêmicas.

Achou por bem, primeiro, retirar os atores Kaleb Figueiredo (10 anos) e Matheus Braga (13) do espetáculos “Memórias de um Gigolô”, de Miguel Falabella.

Os garotos estão impedidos de atuar na peça porque o texto foi considerado inapropriado. As falas dos personagens contêm a palavra “masturbação”, o que poderia “prejudicar o desenvolvimento psíquico” de ambos.

“É lamentável que o juiz desconheça que a justiça e o teatro são filhos do mesmo berço e é perigoso quando abaixemos a cabeça para esse tipo de atitude arbitrária e retrógrada”, protestou Falabella.

Não satisfeito, o mesmo magistrado ordenou que as crianças Ana Júlia (8 anos) e Matheus Ueta (11) deixassem de apresentar o infantil “Bom Dia e Cia”. Ele exige uma “adequação do horário de trabalho”, já que o programa na emissora é gravado pela manhã. Com isso, a diretora Silvia Abravanel tem comandado o programa desde o dia 15.

Será que o magistrado, tão preocupado com a formação e a educação dos pequenos, já viu o MC Vilãozinho (que citei semanas atrás) em ação? Se falar a palavra “masturbação” em uma peça teatral é algo digno de censura, o que dirá um petiz de seis anos cantar “Tapa na Bunda”?

No Brasil, não há regulamentação para o trabalho artístico de menores de 16 anos. As atividades só podem ser realizadas mediante alvará judicial.

Claro que há abusos por aí, como carga horária exagerada, pressão por resultados e 

situações constrangedoras (como o MC Vilãozinho). Mas nada impede que a Justiça use o bom senso ao analisar os casos e discuta com as partes envolvidas. Melhor assim do que agir de forma autoritária.
 
Ditadura sertaneja – A família do cantor Cristiano Araújo entrou com um processo por danos morais contra Zeca Camargo.

O “crime” do jornalista foi cometer uma crônica no canal Globonews questionando a comoção em torno da morte do cantor, “ao mesmo tempo tão famoso e tão desconhecido” (eu mesmo nunca tinha ouvido falar dele). Entre outras coisas, disse ainda que os novos ídolos sertanejos refletem “a pobreza da atual alma cultural brasileira”.

A reação dos fãs de Araújo nas redes sociais foi tão violenta que Zeca Camargo retratou-se no “Video Show”. Não adiantou. 

A ação movida pela família do cantor pede que Zeca Camargo pague pelos danos morais e que o jornalista “seja condenado a nunca mais emitir opiniões preconceituosas sobre a cultura e a música sertanejas”.