Enoleitores,
Início do frio. Na quinta-feira (2), um amigo foi me visitar para marcarmos um jantar e degustarmos um Barolo que ele trouxe de uma viagem ao Piemonte, onde conheceu a Damilano, uma vinícola por mim indicada.
Fico muito contente por ele ter trazido o vinho, deixado envelhecer e lembrado de mim para a ocasião. Isso me animou a passar um pouco sobre o que sei deste vinho, um ícone da Itália.
O Barolo é um vinho gastronômico, isto é, pede acompanhamento de comida. Originado 100% da uva Nebbiolo, porém, para se chamar Barolo, ele precisa obedecer a algumas regras pré-estabelecidas, como pertencer a algumas subregiões do Piemonte denominadas: Barolo, La Morra, Verduno,Roddi, Grinzane Cavour, Diano d’Alba, Castiglione Falletto, Serralunga d’Alba, Monforte d’Alba ou Novello. Se não for destas localidades passa a se chamar apenas Nebbiolo.
O Barolo quando jovem costuma exalar aromas florais de violeta, groselha, alcaçuz e, quando está mais maduro, a partir de 10 anos, sentimos as frutas negras. O floral se mantém e evolui também para couro e tabaco. É um vinho que possui uma longevidade para mais de 20 anos.
Em sua vinificação, ele deve permanecer em guarda por 38 meses e no mínimo 18 meses em madeira. Só pode ser comercializado após completar o 4º ano da colheita.
Já o Riserva permanece em guarda por 62 meses, no mínimo 18 meses em madeira, e a venda após completar o 6º ano sucessivo à colheita. Deve ter no mínimo 12,5% de álcool. Há os Barolos no estilo tradicional, assim como o moderno.
Este vinho era produzido com uvas de difícil maturação, pouca cor e longa maceração, onde se extraía excesso de taninos e permanecia em madeira, o que resultava em vinhos austeros e com pouca fruta, expressavam-se bem apenas em determinadas safras. Resultavam em vinhos de cor tijolo, taninos rústicos e agressivos.
Enólogos de formação mais moderna resolveram atualizar a vinificação colhendo apenas as uvas de melhor qualidade e perfeitamente maduras. Mudaram o modo de vinificar, controlando a temperatura da fermentação, optaram por maceração mais curta, diminuíram o tempo por passagem em carvalho, eliminando os grandes tonéis por barricas novas de 225 litros, resultando em vinhos mais frutados, inclusive podendo consumir mais jovens. Os taninos tornaram-se mais maduros e elegantes, melhorando a qualidade e mantendo o potêncial de guarda.
Dentre os Barolos temos os DOCG, que são resultantes de uma mescla de diferentes vinhedos e que podem resultar numa qualidade irregular, e temos os chamados Crus de Barolo, que são os provenientes de um único vinhedo a partir de 1980. São eles: Rocche e Cerequio em La Morra; Cannubi, Sarmazza e Brunate em Barolo; Bussia, Ginestra e Santo Stefano di Perno em Monforte Lazzarito e Vigna Rionda em Serralunga d’Alba Villero e Monprivato em Castiglione Falletto.
Agora que já expliquei a diferença, o legal é fazer uma comparação às cegas entre eles.
Enoabraços e até a próxima semana.