Baixada Santista

Violência contra os idosos

15/06/2015 Da Redação
Um idoso, que já cuidou da família enquanto era jovem, hoje, precisa de alguém que o auxilie em relação às atividades do dia a dia ou em cuidados básicos como higiene e alimentação. Nesta faixa etária, não é incomum acompanhar que parte deles sofre violência física ou psicológica – seja através dos filhos e netos ou dos próprios cuidadores.

Desde 2011 até o primeiro trimestre de 2014, o Disque-100* registrou 77.059 denúncias de violações de direitos humanos contra a pessoa idosa. Dentre os destaques, a negligência e a violência psicológica apontam, respectivamente, entre 68,7% e 40,1% das denúncias.

Segundo Dra. Gerusa Scanavez, geriatra do Instituto de Geriatra do Hospital Ana Costa, no meio social e legislativo, existem algumas leis que dão preferência ao idoso e que o protegem. “Infelizmente pouco são vistas sendo praticadas no dia a dia”, diz. 
Porém, ela também pode estar presente em casa. A geriatra explica abaixo sobre casos de violência que costumam ocorrer aos idosos. 
 
Estresse
Um problema frequente e que precisa ser solucionado prontamente. Segundo a geriatra, o estresse do cuidador é explicado através da sobrecarga de trabalho que o profissional ou um ente possa ter com o paciente. “O cuidador também precisa ser visto como uma pessoa”, afirma. “O perfil é daquele em que a rotina apenas gira em torno do paciente, não possui vida social e sequer tira folga. Se esta condição não for revista, o mesmo também será um paciente”, completa.
 
Dra. Gerusa diz que, nestes casos, o esgotamento pode abrir precedentes para que os idosos infelizmente sejam agredidos verbal e fisicamente. “Nada justifica a violência. Porém, é preciso que o trabalho seja conjunto, englobando o cuidador e o paciente, nos aspectos clínicos e psicológicos”, explica. 
 
A geriatra informa que, em geral, os cuidadores que passam por esse problema acompanham idosos que já estão em quadros de demência ou depressão.  
 
“Primeiro é preciso que a família/cuidador entenda a doença deste paciente e as suas limitações. Além da compreensão, amparo e o carinho ao idoso, é preciso que o mesmo sempre tenha alguém para dar retaguarda”, diz. “Desta forma, quem cuida, consegue revezar com outro parente ou profissional”, conta.
 
Negligência
Comum de ser observado em ambulatórios, os profissionais de saúde que atendem aos idosos notam uma outra forma de agressão – o abandono ao idoso.
 
“Estes pacientes, geralmente, tem poucos filhos ou não tiveram uma boa relação com os mesmos na juventude”, diz. “Começam a demenciar, não cuidam da higiene, suas condições físicas e psicomotoras estão comprometidas, e mesmo a família sendo alertada para cuide destes idosos, ninguém aparece”, conta.
 
“Nestes casos, a solução é ter alguém da família para cuidá-lo, ou, se não surgirem, colocarem o idoso em uma instituição de longa permanência”, finaliza.