Cartolas estrelados do futebol foram presos nesta semana na Suíça. Houve frisson mundial. Todos os tipos de expectativas e especulações foram levantados.
É preciso primeiro entender o que houve. A investigação foi realizada pela justiça dos Estados Unidos. O dinheiro da bandalheira passou pelo sistema financeiro de lá. As prisões foram feitas pela polícia suíça. Agora pode haver a extradição dos cartolas para os Estados Unidos para julgamento. E aí a situação deles se complica.
Clubes e entidades do futebol são entidades privadas. Isso multiplica a dificuldade de enquadrar dirigentes bandalhos. As decisões não dependem de licitações. Os favorecimentos, assim, envolvem negócios de milhões a bilhões. E são retribuídos com propina grossa. Mas na maioria das vezes não é dinheiro público.
Alguns exemplos para entender. Em 1986, houve a Copa do México. A Seleção Brasileira teria que ficar num centro de treinamento. A Nestlé ofereceu gratuitamente um, maravilhoso. O vice-presidente da CBF, Nabi Chedid, pediu propina para fazer essa opção que daria grande visibilidade à empresa. A Nestlé recusou a a Seleção não ficou lá.
Na época do ex-presidente Ricardo Teixeira, que herdou o cargo do sogro, o supercartola João Havelange, a CBF fez um contrato de 400 milhões de dólares com a Nike. Prazo de 10 anos. Pela intermediação, o empresário J. Havilla, agora delator premiado nesse episódio da prisão dos cartolas, recebeu uma bolada. A CBF poderia ter escolhido a Adidas. Ou a Puma. Não tem obrigação nenhuma de prestar contas e explicar a decisão.
Em muitas transferências de atletas a mesma coisa acontece. Cartolas e empresários enchem o bolso de dinheiro e o clube é passado para trás.
Nas próximas semanas vamos apresentar aqui alguns exemplos desse tipo de negociação. Entre eles, dois casos que a torcida do Santos nunca entendeu: Cleber Santana e Rodrigo Tabata.
O Santos e Neymar
Processar Neymar é decisão difícil de ser tomada. Porque se trata de um ídolo da torcida do Santos. O maior das últimas décadas. Protagonista de seis títulos. Há indícios de que o pai do atleta tenha se envolvido em negociação nebulosa com os cartolas do Barcelona, tipo “o clube paga 40 para você e você devolve 20 para mim”. Mas dois conselheiros na época, Pedro Conceição e Nabil Khaznadar, que conviviam com Neymar, disseram, na tribuna do Conselho, que ele não sabia dessa negociação do pai.
Céu e inferno
Semana passada o Cruzeiro estava no céu após vencer o River Plate fora de casa, por 1×0. Já o Internacional estava perto do inferno após perder o jogo de ida na Colômbia, também por 1×0. A situação se inverteu. O Colorado bateu o Santa Fé por 2×0 e agora pega o Tigres, do México, na semifinal da Libertadores. Já o Cruzeiro passou vergonha diante dos argentinos com uma impiedosa derrota por 3×0, em pleno Mineirão. Será que as cores do céu e do inferno se inverteram?
Adeus do ídolo
Chegou ao fim a relação do atacante Paolo Guerrero com o Corinthians. O peruano, autor do gol do título do Mundial em 2012 e muito identificado com a torcida, travou uma verdadeira novela para renovar o contrato desde o começo do ano. Sem negócio, o atacante acertou com o Flamengo e se apresenta ao clube, agora comandado por Cristóvão Borges, após a Copa América.
Novo comando
O São Paulo acertou a contratação do técnico colombiano Juan Carlos Osorio nesta semana. O treinador se despediu do Atlético Nacional com direito a choro e presença de 5 mil torcedores. Ele faturou seis títulos pela equipe colombiana. Boa aposta?
4ª rodada
Todos os grandes paulistas jogam no domingo. Para voltar a vencer, o Peixe recebe o invicto Sport, na Vila Belmiro, às 11h. Corinthians e Palmeiras, ambos em rota de colisão com a torcida, fazem um clássico quente no Itaquerão, às 16h. O Tricolor visita o Internacional no mesmo horário.
Dificuldade para os jovens
Um relatório do CIES Football Observatory divulgado nesta semana observou a porcentagem de minutos que os jogadores sub-21 participaram em cada clube, pelas ligas nacionais. Com os números, é possível traçar uma análise dos campeões das ligas principais. Juventus (1,5%), Barcelona (1,6%), Chelsea (2,2%), Bayern de Munique (4,5%) e PSG (11,4%) estão muito longe do líder do ranking, o francês Monaco, com 34,6%. Os campeões reforçam a natural tese de que é preciso jogadores mais experientes para levantar taças.
Verdadeiro ou falso?
A teoria da conspiração, comum no futebol brasileiro, parece que alcançou também a Fórmula 1. Muitos especialistas defendem a tese de que Lewis Hamilton, que ganhava a corrida em Monaco e lidera o campeonato com folga, só trocou os pneus da sua Mercedes no final da prova, por ordem dos boxes, para seu companheiro de equipe, Nico Rosberg, vencer o grande prêmio e equilibrar a disputa pelo título. Por isso, o inglês estaria contrariado no pódio da sexta etapa do mundial.