A semana passada foi marcada por um acontecimento televisivo de repercussão mundial: a aposentadoria do comediante/apresentador/roteirista David Letterman. Aos 68 anos, ele preferiu “sair por cima”. Achou que estava na hora e ponto final.
Letterman comandou o “Late Show” por 33 anos, num total de 6.028 programas. Por conta disso, tornou-se tornou referência quando o assunto é talk shows. Seu estilo marcou época na tevê norte-americana, assim como fez Johnny Carson com o “Tonight Show” entre as décadas de 60 e 90.
A saída de Letterman também representa o fim de uma era no gênero. Há uma nova geração de entrevistadores nos EUA, representada em especial por Jimmy Fallon (hoje líder de audiência) e Jimmy Kimmel. Uma renovação que visa atrair também o público jovem, com uso maior de recursos tecnológicos. A propósito, Stephen Colbert acaba de entrar nessa briga, escolhido para substituir David Letterman no canal CBS.
Por aqui, tivemos a sorte de acompanhar o adeus do apresentador, pois o “Late Show” vinha sendo transmitido pela Record News. Foram vários especiais com convidados de peso até a última edição, exibida na sexta-feira (quarta nos Estados Unidos). O programa de despedida, aliás, foi simplesmente fantástico. Uma aula de como fazer televisão.
Conseguiram resumir 33 anos em uma hora de forma elegante, divertida e bem-humorada (com as tradicionais doses de ironia e sarcasmo). Mas também emocionante, sem cair na pieguice.
Para se ter uma ideia da moral de David Letterman, logo no início, Barack Obama e os ex-presidentes Bill Clinton e George W Bush gravaram uma piada sobre a sua aposentadoria. Depois, estiveram no palco para participar do clássico quadro Top 10 figuras como Tina Fey, Julia Louis-Dreyfus, Chris Rock, Jim Carrey, Jerry Seinfeld, Steve Martin, Barbara Walters, Alec Baldwin, o craque de futebol americano Peyton Manning e Bill Murray (o ator foi o primeiro e último entrevistado da história do “Late Show”).
Em seguida houve um “best of” com momentos hilários de Letterman ao lado de crianças e um “atrás das câmeras” revelando como era o dia de trabalho nos bastidores.
Pra terminar, o apresentador prestou uma bela homenagem aos membros de sua equipe, falou de sua família e relembrou a cirurgia cardíaca a qual se submeteu em 2000. Disse que, naquele período, a música “Everlong”, do Foo Fighters, foi importante em sua recuperação. Quando retornou ao ar, a banda se apresentou no programa com essa canção. E o mesmo aconteceu agora: enquanto o Foo Fighters tocava “Everlong” ao vivo, foi mostrado um clipe com imagens marcantes dos 33 anos de David Letterman à frente do seu “Late Show”. Um encerramento digno e tocante.
Enquanto isso, por aqui… – Nos EUA, um dos grandes nomes da tevê saiu de cena. No Brasil, em contrapartida, as notícias de maior destaque no ano são as voltas de Gugu e Xuxa, ambos na Record. Enquanto uns se aposentam até antes da hora, outros que já deram o que tinham que dar seguem insistindo…