Um exemplo sobre como contrariar as expectativas diante de suas condições. Assim é a história de William Silva, 21 anos, que parece vinda de um conto de fadas ao descrever a trajetória de um morador do Morro Nova Cintra que entrou no Centro da Juventude (Cejuv) da Zona Noroeste aos 10 anos e mudou o próprio destino.
William não quis ser jogador de futebol, nem operário braçal. Seu ofício é ser artista. Sua profissão, bailarino. Uma década dedicada à arte e que agora atinge o ápice: Nos Estados Unidos, de 26 a 31 deste mês participa do Festival Valentina Kozlova, em Nova Iorque.
Uma viagem que só foi possível graças à doação de R$ 30 mil de um empresário goiano (nome não revelado), que ficou sensibilizado com a história do jovem, divulgada em vários canais de comunicação de Santos e que se propagou pelo Brasil.
Show
Semana passada, adolescentes dos Cejuvs dos Morros e da Zona Leste lotaram o teatro do Cejuv da Zona Noroeste para assistir à última apresentação de William antes da viagem. Ele entrou no palco cinco vezes para interpretar fragmentos dos balés La Esmeralda e Carnaval em Veneza, as mesmas peças que dançará nos Estados Unidos.
A cada entrada em cena era recebido por gritos e aplausos. “Tenho consciência de que hoje sou referência para eles e que o que aconteceu comigo serve de inspiração”. Para atingir o sonho, William teve de superar muitas dificuldades e ensaiar oito horas de segunda a sexta-feira durante anos.
A assistente social Cristina Marinho acompanhou a vida de William desde que ele entrou no equipamento da Secretaria de Assistência Social. Ela explica que a função do Cejuv não é formar artistas, mas fortalecer vínculos comunitários, orientar e que a história do bailarino deve estimular cada adolescente a procurar sua vocação.
William não sabe se será feliz para sempre, como terminam os tradicionais contos infantis, mas tem certeza de que vive seu melhor momento se equilibrando na ponta dos pés.
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