"Fulano é como vinho: quanto mais o tempo passa, melhor fica". A mulher que procura um bom partido deve fugir do candidato que tiver este perfil. Não é de hoje que esta famosa frase vem sendo utilizada equivocadamente na tentativa de elogiar alguém. Ledo engano. A grande maioria dos vinhos (cerca de 95% deles, dizem alguns especialistas) deve ser tomada o mais rápido possível após ser comprada.
São pouquíssimos os que melhoram com o passar do tempo. Os chamados "vinhos de guarda" são raridades, produzidos por especialistas, numa combinação de uvas, terreno, clima e quantidade de chuva, entre outros fatores, positivamente excepcionais.
Esta ideia de "quanto mais velho, melhor" pode até funcionar com o uísque, mas com o vinho é diferente. O vinho deve ser degustado em seu auge, isto é, no melhor momento de seu processo de fabricação. Atualmente, a grande maioria dos vinhos disponíveis no mercado (aqueles que nós, reles mortais, consumimos) é produzida para ser imediatamente consumida, após deixar as bodegas e chegar às prateleiras dos mercados e empórios.
O período de envelhecimento destes vinhos se dá ainda na vinícola, que só o libera quando ele está pronto.
Mas você pode estar perguntando: e aqueles vinhos que muita gente guarda em casa e faz a maior cerimônia ao abrir? Das duas, uma: ou a pessoa não sabe nada de vinho e está armazenando inutilmente a bebida ou realmente tem uma raridade.
Na primeira hipótese, o vinho armazenado, mesmo que em condições ideais de temperatura e umidade, está em curva descendente de desenvolvimento. Para se perceber isso, é preciso atentar para a cor, o aroma e, logicamente, o sabor do vinho. O vinho tinto que "perde força" tem aroma avinagrado (muitas vezes, percebe-se isso já ao cheirar a rolha), a cor tende mais para o marrom do que vermelho e o gosto é ralo, azedo ou mesmo ruim. O vinho branco passado tende a ter odor de acetona, a cor (originalmente amarelo-claro ou esverdeado) mais escura e o sabor de vinagre ou nozes velhas. Nos espumantes, sinal claro de deterioração é a diminuição, ou até existência, de borbulhamento.
Na segunda hipótese, quando a pessoa tem uma raridade, trata-se de um vinho concebido pelo enólogo para finalizar seu processo de amadurecimento na garrafa – são os chamados "vinhos de guarda". Estamos falando de grandes rótulos de Bordeaux e Borgonha (França) ou Piemonte e Toscana (Itália), por exemplo. O primeiro sinal de que é um grande vinho é o custo. A alta qualidade das uvas, do terroir e do "saber fazer", logicamente, tem seu preço. Mas, atenção! Vinho caro não significa necessariamente qualidade. Há muito gato sendo vendido como chinchila!