O milagre da multiplicação humana nem sempre é possível para 20% dos casais, afirma o ginecologista Condesmar Marcondes O. Filho, da Clínica Santista de Reprodução Humana. As causas da infertilidade são igualmente distribuídas nos dois sexos, mas em 20% dos casos o homem e a mulher combinam fatores que dificultam a concepção, explica o médico, que é pioneiro em bebê de proveta em Santos. Desde que começou a realizar a técnica, há 25 anos, Condesmar já colocou no mundo mais de 500 crianças.
O médico atribui parte das dificuldades ao estresse da vida moderna e ao adiamento da maternidade. “Fisiologicamente, o ideal é engravidar até os 35 anos. Os óvulos nascem junto com a mulher, o feto feminino já tem dois milhões de óvulos, e chega a um tempo em que eles se esgotam. Diferente do homem, que começa a fabricar espermatozoides entre 12 e 14 anos. Além disso, os espermatozoides se renovam a cada 90 dias, o que explica o fato de muitos homens se tornarem pais em idades avançadas”, informa Condesmar, que quando chegou à casa dos três mil bebês parou de contar quantas crianças concebidas de forma natural ajudou a vir ao mundo.
Se no passado a fertilidade era cobrada somente da mulher, hoje o preconceito diminuiu bastante, junto com a resistência do homem em fazer exames, diz o médico. “Atualmente, o homem sofre a cobrança principalmente da mulher”, comenta. Várias causas podem levar à infertilidade, boa parte resolvida com tratamento ou procedimento cirúrgico, tentados antes de o caso ser encaminhado para a técnica de bebê de proveta. Vejas as principais:
Mulher – Falta de ovulação (ovário policístico, diabetes, obesidade ou baixo peso, que podem causar ciclos menstruais irregulares); Endometriose (doença que já existia, mas começou a aparecer com a melhora do diagnóstico); Mioma (causado por excesso de hormônio, hereditariedade); Prática de exercícios físicos exagerada (que interfere no nível hormonal)
Homem – Varicocele (varizes nos testículos); Criptorquidia (testículos fora da bolsa); Cachumba; Vasectomia (até 5 anos é possível reverter); Prática de exercícios físicos exagerada.
Métodos disponíveis
A indução da ovulação é o método mais simples. Além dele, o casal pode dispor da inseminação artificial, com 40% a 50% de chance de engravidar a cada tentativa. Hoje a lei permite a introdução de até dois embriões, o que elimina a possibilidade do nascimento de três, quatro crianças de uma vez.
Um método inovador é a vitrificação, que tornou viável congelar óvulos e embriões sem deteriorá-los. Desta forma é possível que mulheres que queiram retardar sua maternidade, pelos mais diferentes motivos, possam ter filho no futuro, já que o relógico biológico não espera. “Hoje a mulher procura primeiro se estabilizar na carreira, para depois pensar em constituir família. Esta técnica é capaz de congelar os óvulos da mulher em idade fértil e utilizá-los quando ela se sentir apta à maternidade. É é a grande contribuição da ciência para o mundo moderno”, ressalta o especialista em reprodução humana.
Congelamento de óvulos – Condesmar Marcondes explica que a preservação da fertilidade consiste em “congelar” óvulos, tecido ovariano e embriões, submergindo-os em nitrogênio líquido e armazenando-os no centro laboratorial, até que a mulher decida por ter um filho. “A mulher pode preservar em qualquer momento, mas o recomendável é que seja antes dos 35 anos, já que após este período os óvulos tendem a envelhecer”, orienta. A preservação custa em torno de R$ 10 mil, mais R$ 120,00 mensais pelo período de armazenamento. Atualmente, Condesmar atende de uma a duas pacientes por semana.
Quando preservar a fertilidade
Por motivos pessoais ou profissionais
Quando se espera encontrar um parceiro ideal para formar uma família
Diante de doenças ou intervenções cirúrgicas que possam afetar a fertilidade ou diante de um diagnóstico de menopausa
Antes do uso de radioterapia
Serviço – Núcleo Santista de Reprodução Humana, rua Alexandre Herculano, 83, Boqueirão, tel 32731193, www.reproducaohumanasantos.com.br