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Toxina botulínica

06/02/2015
Toxina botulínica | Jornal da Orla
A toxina botulínica era temida até algumas décadas atrás. Produzida por uma bactéria denominada Clostridium botulinum, provoca intoxicação alimentar a partir de enlatados, mel, embutidos e outros alimentos produzidos sem a devida segurança ou mal conservados. O botulismo, quadro produzido pela intoxicação, depende da quantidade de toxina ingerida, a qual paralisa os músculos, comprometendo os órgãos. Vários músculos do rosto são os primeiros a serem afetados, ampliando-se para dificuldade motora generalizada até atingir os músculos responsáveis pela respiração, matando por asfixia.
 
Isso ocorre porque as informações para as ações nervosas e musculares ocorrerem dependem de mediadores químicos lançados de uma célula a outra alterando sua atividade. Assim, um músculo irá contrair na presença do mediador químico chamado acetilcolina. Esse mediador é lançado em cada ponto do músculo, conforme necessidade, possibilitando a contração de alguns músculos, enquanto outros relaxam, possibilitando a ação desejada. A toxina da bactéria bloqueia a saída da acetilcolina, impedindo a contração muscular.
 
A ciência, ao entender um fenômeno, procura explorar as possibilidades do conhecimento adquirido para uma causa de interesse. Desse modo, a toxina botulínica é usada nos casos em que haja uma contração excessiva ou descontrolada, aplicada diretamente no músculo, provocando seu relaxamento. Inicialmente, nos anos de 1980, foi usada para corrigir o estrabismo, colocando o olho em posição adequada ao relaxar um lado de sua fixação, fazendo prevalecer a contração do outro lado da aplicação.
 
Outro uso importante é na distonia, doença derivada de disfunção neurológica, na qual um músculo ou um grupo muscular se mantém contraído involuntariamente e de forma contínua. Essa disfunção pode ser original ou derivada de outras doenças como traumas e AVC. O SUS garante a distribuição da toxina para algumas distonias. Outras disfunções do movimento que permitem o uso da toxina é a espasticidade provocada por doenças como a paralisia cerebral, quando o movimento se torna não harmonioso e sem controle.
 
É claro que não se pode deixar de citar o uso estético da toxina. Ao provocar o relaxamento muscular, há sensível remodelação da face, com a diminuição das rugas. Segundo alguns médicos, a aplicação da toxina para efeitos estéticos tem mais elementos de arte do que de ciência, daí alguns excessos e problemas, principalmente porque o efeito desejado tem prazo de validade. Cerca de 12 semanas após a aplicação, podem surgir novas rugas, talvez não pela perda da atividade, mas como reação do próprio organismo. O uso excessivo ou descuidado pode produzir a diplopia, que a dupla visão de um mesmo objeto.
 
Se ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail [email protected] ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.