Santos

Descarte irregular de lixo prejudica sistema de drenagem

26/12/2014
Descarte irregular de lixo prejudica sistema de drenagem | Jornal da Orla
O descarte irregular de lixo compromete decisivamente o sistema de drenagem da cidade, principalmente em momentos de fortes chuvas. Em Santos, o problema é combatido diariamente por mais de 50 funcionários.   
 
Apenas na limpeza dos canais, a Prefeitura mantém uma equipe composta por 30 funcionários. O serviço é feito diariamente, inclusive aos sábados, com a ajuda de máquina escavadeira hidráulica.
 
Além disso, uma equipe atua unicamente sob demanda, ou seja, é acionada sempre que algum objeto de maior porte, como móveis, por exemplo, é detectado dentro de algum canal. O objetivo é evitar que qualquer detrito indevidamente descartado prejudique a vazão das águas. Nesse sentido, especial atenção é dada aos pontilhões e passarelas sobre os canais.
 
“Essas são áreas que podem represar detritos, funcionando como verdadeiros gargalos, comprometendo a vazão”, explica o engenheiro Carlos Eizo, da Secretaria de Serviços Públicos (Seserp), que supervisiona o serviço de limpeza dos canais feitos pela Prodesan.
 
O volume de lixo atualmente retirado dos canais diminuiu muito. “No passado, recolhia-se pneus e até sofás. Hoje, a maior parte é composta por detritos como garrafas PET. E isso se deve, principalmente, a serviços como o Cata-Treco”.
 
De janeiro a setembro, o Cata-Treco, aprovado por mais de 90% dos munícipes em recente levantamento feito pelo Instituto de Pesquisas A Tribuna (IPAT), registrou um recolhimento de 42.964,38 toneladas, superando em mais de oito mil toneladas o registrado no mesmo período de 2013, quando foram recolhidas 34.641,48 toneladas de materiais diversos, que deixaram de poluir o meio ambiente urbano e obstruir canais, caixas de retenção, bueiros, ruas e calçadas.
 
Encostas
Outra grande preocupação da Prefeitura é com as encostas. Por dia, em média, uma tonelada de resíduos diversos é recolhida nesses locais. Para dar conta desse imenso volume, uma equipe de  25 funcionários atua diariamente em locais de difícil acesso, evitando que esses detritos se acumulem, principalmente nas canaletas de drenagem.
 
“As canaletas de drenagem são fundamentais para o escoamento seguro da água. Das canaletas, a água segue para as caixas de retenção, que tem como objetivo impedir a passagem de detritos para os canais e as galerias de águas pluviais. O descarte incorreto de lixo reduz a eficiência de todo esse sistema, provocando ou agravando, entre outros problemas, os alagamentos”, explica Eizo.
 
De tudo o que é recolhido nas encostas, 30% é composto por resíduos orgânicos (como restos de alimentos) e 70% por entulho (restos de obras) e móveis velhos.
 
Para auxiliar na redução desse volume, a Prefeitura trabalha em duas frentes. A primeira consiste no aumento no número de contentores. Mais de 30 deles já foram instalados, substituindo as antigas caçambas de alvenaria.
 
Eles estão sendo posicionados em pontos estratégicos, como nas proximidades das escadarias, visando facilitar o descarte, já que o difícil acesso a certos locais impede a chegada, na porta de certas residências, de serviços como a coleta de lixo ou o Cata-treco.
 
Além disso, duas vezes por semana é realizada fiscalização por parte de funcionários da Secretaria do Meio Ambiente (Semam). Eles orientam os moradores sobre os perigos do descarte irregular de lixo, que além de atrair vetores de doenças, também pode contribuir para desestabilizar as encostas.

Vassoura hidráulica
Já em relação à areia da praia, o engenheiro Márcio Paulo, do Laboratório de Controle Ambiental, da Semam, esclarece que ela não compromete a vazão das águas.
 
“Isso é um mito. Em momentos de chuva intensa, a correnteza segue rumo ao mar, impedindo que haja entrada de areia e um suposto assoreamento dos canais”, afirma, salientando que a areia só invade os canais quando ocorre ressaca. Nesses casos, a Prefeitura já mantém equipes de plantão para evitar eventuais comprometimentos no escoamento das águas.
O chefe do Laboratório explica ainda que a chuva funciona como uma “vassoura hidráulica”, carregando tudo que há nas ruas em direção aos sistemas de drenagem e destes para o mar.
 
“Por isso, é fundamental não só todo o esforço feito pela Prefeitura na limpeza pública, que começa lá nas áreas de encosta e segue ao longo de todos os canais e galerias. A sociedade precisa fazer a sua parte. Lixo descartado incorretamente reduz a capacidade da drenagem em momentos de fortes chuvas”, conclui o especialista.
 
CATA-TRECO NÚMEROS
Recolhimento anual/toneladas
2012 – 45,2 mil
2013 – 48,5 mil
2014 – 42.964,38 mil (*)
(*) Até setembro 
 
Nos nove primeiros meses /toneladas
2012 – 33.090,75
2013 – 34.641,48
2014 – 42.964,38
 
Recolhimento 2014 – mês a mês até setembro
Janeiro: 5.272,45
Fevereiro: 4.892,86
Março: 4.690,32
Abril: 5.154,30
Maio: 5.180,34
Junho: 4.689,49
Julho: 4.491,93
Agosto: 4.433,11
Setembro: 4.159,58
TOTAL: 42.964,38
 
Como acionar o Cata-Treco
Para agendar o Cata-Treco, basta ligar para o telefone 0800-7708770, das 7h às 17h (chamadas de celular não são aceitas) de segunda à sexta-feira. O serviço é gratuito e o recolhimento funciona de segunda a sábado, com dias específicos para cada bairro. Os objetos devem ser deixados na calçada em frente ao endereço mencionado no agendamento.