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Reenquadrar

23/12/2014
Reenquadrar | Jornal da Orla
Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e de se debater e afundou. Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte era tenaz, e, por isto continuou a se debater, a se debater e a se debater por tanto tempo, que, aos poucos o leite ao seu redor, com toda aquela agitação, foi se transformando e formou um pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca tenaz conseguiu com muito esforço subir e dali levantar voo para algum lugar seguro.

Durante anos, ouvi esta história como um elogio à persistência, que, sem dúvida, é um hábito que nos leva ao sucesso. 
No entanto, tempos depois, a mosca tenaz, por descuido ou acidente, novamente caiu no copo. Como já havia aprendido em sua experiência anterior, começou a se debater, na esperança de que, no devido tempo, se salvaria. Outra mosca, passando por ali e vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou: 

-Tem um canudo ali! Nade até lá e suba pelo canudo.
A mosca tenaz não lhe deu ouvidos, baseando-se na sua experiência anterior de sucesso, continuou a se debater e a se debater, até que, exausta, afundou no copo cheio de água. Quantos de nós, baseados em experiências anteriores, deixamos de notar as mudanças no ambiente e ficamos nos esforçando para alcançar os resultados esperados até que afundamos na nossa própria falta de visão?
[autor desconhecido]

Fazemos isto quando não conseguimos ouvir aquilo que quem está de fora da situação nos aponta como solução mais eficaz e, assim, perdemos a oportunidade de reenquadrar nossa experiência e ficamos paralisados, presos aos velhos hábitos, com medo de errar. Reenquadrar é permitir-se olhar a situação atual como se ela fosse inteiramente diferente de tudo que já vivemos.

Reenquadrar é buscar ver através de novos ângulos, de forma a perceber que, fracasso ou sucesso, tudo pode ser encarado como aprendizagem.

Quantas vezes na vida não ficamos presos a velhos hábitos com medos de errar, ou então porque já aconteceu dessa forma uma vez achamos que vai acontecer sempre assim. Claro que a experiência de vida e a persistência são essenciais para conseguirmos vencer as dificuldades. 

Tal como uma criança tem que aprender andar sozinha, caindo e levantando-se, a segurar na colher para levar à boca. Mas temos que aprender a caminhar em todas as direções e não acharmos que porque falhou ou acertamos uma vez, isso vai acontecer sempre! 

Temos que olhar ao nosso redor e ver as várias saídas possíveis, ver todas as flores do jardim e regá-las com amor, carinho e esperança de que uma vai se tornar especial e nos vai fazer feliz! Não podemos parar por medo de errar, ou com medo que não dê certo senão não teríamos sido capazes de aprender andar, a caminhar, a segurar uma bela flor para cheirarmos, apreciarmos e nos deliciarmos com o seu aroma e suavidade! 

Pior que errar é não arriscar com medo de falhar! Desta forma, todo o medo se extingue e toda experiência é como uma nova porta que pode nos levar à energia que precisamos à motivação de continuar buscando o que desejamos e à auto-estima que nos sustenta.