O cientista político Alcindo Gonçalves acredita que a presidente reeleita Dilma Rousseff enfrentará forte resistência dos partidos oposicionistas no segundo mandato, sob argumento de que ainda são visíveis os resquícios de uma campanha eleitoral marcada por ofensas, além do fato de Aécio Neves ter obtido mais de 50 milhões de votos.
“O debate se deu num plano excessivamente agressivo, ultrapassando os limites ao transformar adversários em inimigos, o que é muito ruim para a política. Outro problema foi a ausência de discussão das grandes questões nacionais”, afirmou Alcindo durante entrevista para o programa Jornal da Orla na TV.
Falta de diálogo
Para Alcindo Gonçalves, o primeiro efeito do baixo nível na campanha foi a decisão da Câmara dos Deputados de aprovar projeto que susta os efeitos do decreto presidencial que criava os chamados conselhos populares.
“Embora não se possa atribuir a este fato uma guerra, sem dúvida Dilma pecou por não fazer política, ou seja, demonstrou incapacidade de estabelecer o diálogo, transigir e ter paciência. Outra coisa: faltou clareza ao decreto, que foi mal elaborado ao não apontar os movimentos populares. O Congresso reagiu por se sentir esvaziado pelo decreto que delega poder à sociedade civil”.
Reduzir ministérios
Na opinião de Alcindo Gonçalves, a alternativa para o governo é aprimorar o relacionamento com a Câmara. Ele também defendeu uma reforma para reduzir o número de ministérios (hoje são 39).
Mudanças na economia
O cientista político considera que devem ocorrer mudanças na economia. “O primeiro fato esta semana foi o aumento da taxa de juros pelo Banco Central. Isso é importante para a maior abertura ao mercado, no sentido de recuperar a confiança dos investimentos privados, fundamentais para a questão da infraestrutura do país, o ambiente de crescimento econômico e garantia do emprego”.
Sobre os escândalos na Petrobras, ele afirmou que as investigações devem ser aprofundadas e que eventuais consequências são imprevisíveis.
Datafolha errou feio em Minas
Embora tenha acertado no resultado geral das eleições, o Instituto Datafolha errou feio no resultado da eleição para presidente em Minas Gerais. No dia 25, um dia antes das eleições, o instituto divulgou pesquisa informando que o candidato Aécio Neves (PSDB) vinha crescendo nos Estados de São Paulo e Minas. Na pesquisa em São Paulo, mostrava que Aécio passara de 60% para 63% das intenções de voto e que, em Minas, foi de 50% para 54%, enquanto Dilma Rousseff (PT), caiu de 50% para 46%.
O resultado das urnas mostrou que em São Paulo Aécio obteve 64,31% dos votos válidos, o que confirmou a tendência de crescimento. Em Minas, no entanto, quem saiu vitoriosa foi Dilma, com 52,41% dos votos contra 47,59% obtidos por Aécio.
O Jornal da Orla questionou o Instituto: “Como explicar que o candidato que tinha uma vantagem de 8% e apresentava tendência de alta perdeu por uma margem de 4,82%, sem que tenha ocorrido um fato novo? O que pode ter ocorrido em Minas, haja vista que o Datafolha acertou em vários estados da Federação, inclusive São Paulo? Por que o resultado das urnas ultrapassou de forma significativa (uma diferença de 12,82%) a margem de erro, e, pior, contrariando tendências?
“Pequenos desvios”, diz Instituto
Na resposta ao Jornal da Orla, Mauro Paulino, diretor do Datafolha afirma:
“O desenho amostral da pesquisa de véspera foi elaborado para representar o eleitorado brasileiro como um todo. Os limites determinados pela estatística – como margem de erro, intervalo e nível de confiança – referem-se ao total da amostra. Por isso, leituras separadas por segmentos específicos, como eleitores mineiros, por exemplo, podem apresentar variações importantes e devem ser consideradas com reservas. No cômputo geral, segundo a lei das probabilidades, pequenos desvios localizados não afetam o cômputo geral da aferição”.
Para a ombudsman da Folha, Paulino afirmou que “faltou ao Datafolha esclarecer melhor a redação da Folha sobre esse cuidado para que a edição deixasse mais evidente aos leitores essas limitações de leitura”.
PSDB quer “auditoria especial”
Na quinta-feira (30) o PSDB entrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com um pedido de “auditoria especial” no resultado das eleições. Os tucanos querem que seja autorizada a criação de uma comissão formada por técnicos indicados pelos partidos políticos para a fiscalização de todo o processo eleitoral.
Semana David Capistrano
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, já confirmou presença na solenidade que marca, sexta-feira (7), na Câmara de Santos, a abertura da 1ª Semana David Capistrano. Estão previstos debates e eventos culturais que têm por objetivo homenagear e resgatar o legado do ex-prefeito, que revolucionou a área de Saúde de Santos.
Referência internacional
O vereador Evaldo Stanislau (PT), autor da lei que cria a Semana David Capistrano, destaca que muitas das ações implantadas por ele como secretário de Saúde no governo Telma de Souza e, depois, como prefeito, se tornaram referência internacional. O encerramento da Semana David Capistrano será com uma peça baseada na experiência do Projeto Tam Tam.
Deixe um comentário