“Quando deixei o ministério, o governo federal cobria 53% das despesas da saúde, ficando 47% por conta dos estados e municípios. Hoje, o governo cobre 44% e 56% ficam nas costas dos estados e municípios. Portanto, uma diferença de 9%,que representa R$ 28 bilhões por ano”, disse Serra.
Serra afirmou que veio a Santos para agradecer a expressiva votação na cidade, com cerca de 60% dos votos. “Sinto-me devedor da confiança em mim depositada e não vou decepcionar”. Veja abaixo os principais trechos da entrevista:
SUS
O senador eleito afirmou que outra medida essencial é o reajuste da tabela do SUS. “Uma Santa Casa faz uma cirurgia por R$ 100, por exemplo, e só recebe R$ 40. Não há instituição que aguente. O Hospital Santa Marcelina, na zona leste de São Paulo, vai fechar a maternidade, porque o SUS não cobre o custo”.
Criar dificuldades
Para o senador eleito, há necessidade também de melhorar a gestão do setor da saúde, como maior brevidade na aprovação dos remédios genéricos, que ele instituiu quando foi ministro da Saúde. “O genérico era aprovado em cinco meses. Atualmente, demora 30 meses. É o velho esquema de criar dificuldades para vender facilidades. A saúde não pode ser objeto de loteamento político, de comissões e pagamento por fora”.
Voto distrital
José Serra pontuou a reforma política como outra prioridade. “Não dá mais para continuar esse sistema de eleição de deputado federal, que disputa voto no Vale do Paraíba, na fronteira com Rio de Janeiro, até Presidente Prudente, e também no Vale do Ribeira. O candidato não tem vinculação com essas regiões e ainda financia a dobrada com deputado estadual”.
Eleição e economia
Depois de salientar que “faltou nível na campanha para a Presidência”, Serra acredita que Aécio Neves e Dilma Rousseff chegam à reta final “praticamente empatados”. “A situaçãoainda não está resolvida. O dia da votação sempre é diferente das pesquisas, para mais ou para menos.”
Uma coisa é certa para Serra:o futuro presidente vai se deparar com um quadro desalentador. “O futuro governo terá de enfrentar a economia parada, com investimentos baixos e pessimismo, e a indústria com nível de produção inferior ao de 2008. Há ainda pressão da inflação e problemas nas contas externas”.
O senador eleito acha, no entanto, que a situação tem saída. “O governante terá que atuar com precisão, começando por restabelecer a confiança dos empresários.”
Impostos
Queixa recorrente entre os empresários, a elevada carga tributária também foi abordada. Segundo ele, “o problema só se resolve com a volta do crescimento da economia, mantendo-se a arrecadação, de maneira que vai diminuindo o peso relativo da tributação”. Para Serra, em termos absolutos não há como cortar gastos. “Existem despesas obrigatórias como da Previdência, juros, salário do funcionalismo, vinculação na educação e saúde. Agora, é preciso segurar o ímpeto do fisco quando a economia cresce. Se a produtividade da indústria sobe e não há aumento proporcional dos impostos, a carga tributária passa a pesar menos”.
Infraestrutura
Ao referir-se aos problemas na área de infraestrutura, Serra lembrou o pico dos preços na exportação de matérias-primas (soja, minério de ferro etc) durante o governo Lula, “que é muito sortudo”. Conforme o senador eleito, o governo na época arrecadou 100 milhões de dólares a mais com os preços da exportação e da importação. “O problema é que ele torrou esse dinheiro não para investimento, mas para consumo, como turismo no exterior, enquanto aqui ocorria a desindustrialização, com produtos chineses substituindo a produção brasileira e as fábricas ficando ociosas. O custo da produção no Brasil é maior que a média de todos os seus parceiros comerciais”.
Serra lembrou que, como governador de São Paulo, construiu o trecho sul do Rodoanel, “que é bom para a Baixada, pois os motoristas não precisam mais entrar no interior da cidade.” Segundo afirmou, na licitação foi incluído que o custo para a empresa era construir o Rodoanel Leste. “A empresa vencedora executou a obra, que custou R$ 3,6 bilhões. O governo não gastou um centavo”.
Laudêmio
Por fim, Serra reafirmou o compromisso de se empenhar no Senado pela extinção da taxa de laudêmio. “Vou trabalhar para acabar com essa amolação infinita, que custa mais para arrecadar do que receber e que causa transtornos para as pessoas na compra ou venda de um imóvel”.
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