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Medicamento e a arte

18/06/2014Da Redação
Medicamento e a arte | Jornal da Orla
A vida imita a arte, ou seria o contrário? Em 2014, um funcionário de uma multinacional foi preso no Japão por ocultar informações ao lançar um novo medicamento. Com isso, divulgou-se que o novo medicamento seria mais eficaz do que realmente era. A mesma situação foi tema do filme “O fugitivo (1993)”. A motivação do enredo do filme também era a falta de divulgação dos riscos do uso de um medicamento, envolvendo morte e traição.
 
A preocupação mundial com a Ética em pesquisa fez com que, em 1964, fosse assinada a primeira versão da Declaração de Helsinque, a qual já foi revisada 6 vezes depois disso. Uma dessas revisões, a de 2000, foi motivada pela crítica da comunidade científica internacional contra um estudo desenvolvido em mulheres africanas grávidas infectadas pelo vírus HIV. Um filme, O jardineiro fiel (2005), aborda a exploração da pobreza africana pelos laboratórios farmacêuticos em situação diferente mas similar, na essência: a primazia do lucro em detrimento do humano. Os filmes foram bem aceitos pela crítica especializada.
 
Outro bom filme envolvendo medicamentos é o que discute a origem dos medicamentos de forma muito interessante, chamado “Medicine man” (1992). Um fato fortuito atrapalha a pesquisa até que a atenção focada, a persistência e a determinação permitem um final auspicioso ao pesquisador. O acaso não existe na pesquisa, pelo contrário, é muito importante a atenção aos detalhes. E como disse Thomas Edison: “gênio é 1% inspiração e 99% transpiração”. Mas o filme também suscita outra questão que é a da biopirataria. Biopirataria é a apropriação de recursos biológicos derivados da cultura de um povo, como a informação sobre uso de recursos biológicos como terapêutica.
 
Na literatura brasileira, um personagem muito importante foi utilizado em uma campanha publicitária de muito sucesso à época, o Jeca Tatu de Monteiro Lobato. Segundo Rui Barbosa, em 1918, o Jeca Tatu era o “símbolo de preguiça e fatalismo, de sonolência e imprevisão, de esterilidade e tristeza, de subserviência e embotamento”. A “solução” para os problemas desses brasileiros viria com a utilização de um medicamento tônico, produzido por uma das primeiras indústrias farmacêuticas brasileiras. Essa estratégia mercadológica foi utilizada por muito tempo, transformando-se em um famoso almanaque. 
 
Por outro lado, um filme emocionante que mostra a importância dos medicamentos em nossas vidas está em “Óleo de Lorenzo” (1992). A obra refere-se a luta dos pais de um garoto com uma doença rara e, portanto, de pouco interesse para a indústria farmacêutica. O filme mostra que toda pesquisa deve trazer retorno financeiro em um mundo capitalista. Assim, doenças raras são pouco estudadas, ficando com poucas alternativas terapêuticas. Na vida real, o garoto retratado viveu vinte anos a mais do que o esperado, graças à intervenção dos pais. Para o cinema, a indústria farmacêutica não é o “mocinho”.