Pois chegou, enfim, a semana de início da conturbada Copa do Mundo no Brasil. Antes de a bola rolar, um Mundial marcado por atrasos em obras, dinheiro saindo pelo ladrão, protestos e até greves oportunistas. O futebol mesmo ficou em segundo plano – panorama que, imagino, deve mudar quando os protagonistas entrarem em campo.
Muito já se falou que vivemos um clima diferente em comparação a outras Copas, sem aquela empolgação toda e o papo de “prá frente, Brasil” de outrora. O que, sinceramente, eu considero um avanço. Sempre achei essa história de “Pátria de Chuteiras” um exagero.
O fato é que a Copa está aí, em nosso “quintal”. Logicamente, a cobertura da mídia é maciça. Porém, considerando as emissoras de tevê aberta, há uma exceção: a Rede Record.
Do ponto de vista jornalístico, não há como ignorar o evento. Então o jeito é não carregar nas tintas para agradar ao patrão. Afinal de contas, o bispo Edir Macedo (acima) não quer saber de ver gol. E gravou um vídeo para ordenar que os fiéis da Universal façam um boicote e sequer assistam aos jogos:
“Quero dizer que a partir do dia 10 de junho vamos começar um jejum. Não o jejum de Daniel de 21 dias, mas o jejum que Jesus fez no deserto, de 40 dias e 40 noites. Só que ele ficou em jejum de comida. Nós vamos fazer um jejum espiritual, um jejum de informações. Um jejum de rádio, televisão, de tudo o que o mundo oferece. Um jejum de jogos, distrações, diversões… Não que eu necessite ter uma experiência com Deus. Eu já tive, mas vou fazê-lo em favor de vocês, para que vocês também sejam estimulados”.
Entretanto, há uma ressalva: “Sem futebol, sem diversão, sem cinema, sem televisão. Apenas você vai ter o direito de assistir à série ‘Milagres de Jesus’. Vamos assistir ‘Milagres de Jesus’ e filmes bíblicos, que transmitam um espírito”. Entenderam o recado? Ver a série de Record tá liberado!
Será que o bispo faria o mesmo se sua emissora tivesse os direitos de transmissão dos jogos da Copa?
Vergonha – Dias atrás, numa entrevista, o coordenador técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, saiu-se com essa: “A CBF é o Brasil que deu certo”. Eu quase caí da poltrona.
Uma entidade riquíssima (e que costuma deixar seus mandatários na mesma condição), que administra pessimanente o futebol e vive às voltas com denúncias de falcatruas é o país que deu certo?
Então, Parreira, recomendo que o senhor leia o recém-lançado livro “O Lado Sujo do Futebol – A Trama de Propinas, Negociatas e Traições que Abalou o Esporte Mais Popular do Mundo” (Editora Planeta), escrito pelos jornalistas Luiz Carlos Azenha, Amaury Ribeiro Jr., Leandro Cipoloni e Tony Chastinet. E constate, quem sabe, que a CBF é o “Brasil que dá vergonha”.
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