Na segunda-feira (9), o veterano da Força Expedicionária Brasileira será homenageado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santos em comemoração da sua história e idade: 90 anos. Hoje, morador de São Vicente e ostentando os títulos de major e de tetravô, ele se emociona ao relembrar o passado. “Como latino-americanos, somos um povo sem tradição de guerra e nós caímos naquele mundo violento”.
Desde o início, a presença da morte rondou os jovens soldados. Naquele ano, Eduardo e milhares de brasileiros cruzaram o oceano Atlântico protegidos por destroieres e navios de guerra norte-americanos, em direção ao incerto. No trajeto, outras 32 embarcações, que, transportavam militares, haviam sido abatidas por submarinos alemães. “A chegada em Nápoli, me emocionou muito. Vi aquele povo esfomeado, destruído, sem moral. Pediam pedaços de pão ou restos de cigarros. Pais ofereciam as filhas para aventuras amorosas com os soldados em troca de comida. Foi um choque”.
O militar passou um ano, um mês e 15 dias entre munições, tiros, corpos de soldados pelas ruas e civis desesperados. “Lembro-me do batismo de fogo, do primeiro combate, as primeiras conquistas, dos primeiros companheiros que tombaram. Mas o que me marcou foi o fim da guerra. Participei do cerco à Divisão Alemã, perto de Bologna. Ali, 14 mil soldados alemães se entregaram. Depois, a cada combate se entregavam mais, quando perderam a ilusão de que iam ganhar a guerra. No fim, o clima era de satisfação pelo término do conflito. As pessoas vinham nos abraçar, agradecendo por terem se tornado livres”.
O retorno ao Brasil foi para o Rio de Janeiro, sede da Capital da República na época, onde houve as primeiras homenagens. “O povo foi para a avenida Rio Brando homenagear os primeiros combatentes. Recebemos homenagens em todo canto, em São Paulo e até na minha cidadezinha, no interior da Bahia. Ao fim da guerra, eu optei por ficar no Exército e fiz a minha carreira lá. Servi na Bahia, em Porto Alegre, em São Paulo e, quando fui promovido a tenente, vim
para Santos. Aqui me tornei major”.
Quando questionado se os tetranetos sabem da sua história, Eduardo afirma: “Com a vivência, os filhos e descendentes respiram a nossa vida. Foi, para mim, uma honra servir à Pátria e ser exemplo de brasilidade aos meus filhos. Eu tenho muito orgulho do Brasil. Tem muita falha, mas é um país extraordinário. Eu tenho certeza de que, brevemente, ocupará um lugar de destaque entre as nações amigas”.
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