O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, surpreendeu o Brasil, em especial o mundo político, ao anunciar que vai deixar a corte no final do mês. Amado por uns, odiado por outros, Joaquim Barbosa é o ministro mais polêmico do STF. Sua ausência certamente deixará a mais alta corte do país sem a efervescência que a caracterizava, notadamente a partir do julgamento do mensalão, que mandou para a cadeia alguns dos principais líderes petistas.
Joaquim Barbosa teve atuação destacada no processo que é considerado o mais importante da história do STF. Duro com os réus, chegou a ser acusado de perseguir o ex-ministro José Dirceu, ao negar-lhe o direito de trabalhar fora da prisão. Foi hostilizado nas ruas por petistas mais radicais e até ameaçado de morte por um integrante do partido que ocupa o poder em Brasília. Em momento algum o ministro recuou, revelou medo ou deu sinais de que poderia ceder a eventuais pressões, que certamente não foram poucas.
Primeiro negro a ocupar a presidência do STF, Joaquim Barbosa tem uma história de vida interessante. Filho de um pedreiro, ajudava o pai desde pequeno na cidade mineira de Piracatu. A infância difícil foi um estímulo para objetivos mais altos. Tornou-se procurador público federal e fez mestrado e doutorado na Universidade de Paris. Depois, realizou dois anos de pesquisas nos EUA, onde lecionou nas universidades Columbia e da Califórnia. Em 2003, foi nomeado para ocupar uma cadeira no STF pelo então presidente Lula da Silva.
No julgamento do mensalão, como relator, surpreendeu os petistas ao aplicar pesadas penas a integrantes e ícones do partido, como o ex-ministro José
Dirceu e o deputado federal José Genoino. Recebeu a ira imediata de alas mais radicais do partido e juras de vingança de integrantes desses setores. Mesmo na Corte arrumou desafetos por seu estilo considerado, por alguns colegas, intolerante e de difícil diálogo.
Dirceu e o deputado federal José Genoino. Recebeu a ira imediata de alas mais radicais do partido e juras de vingança de integrantes desses setores. Mesmo na Corte arrumou desafetos por seu estilo considerado, por alguns colegas, intolerante e de difícil diálogo.
De outro lado, é visto por milhões de brasileiros como um líder na luta contra a corrupção. Não por acaso, seu nome é citado com frequência como um dos prováveis candidatos a presidente da República nas eleições de 2018.
O fato é, goste-se ou não, Joaquim Barbosa fez história. Seu nome será lembrado por muitos anos como o de um juiz da suprema corte que não deu trégua aos acusados de participar de um dos maiores escândalos de corrupção da história recente do Brasil.
O que não é pouco em um país onde a impunidade prevalece. Enfim, sem JB no STF, o país fica órfão!
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