Em boa parte das décadas de 80 e 90, quando passava o domingo em casa eu não tinha a menor dúvida: sintonizava a Band para acompanhar o “Show do Esporte”. Uma alternativa para quem queria fugir do programas de auditório que serviu como porta de entrada na televisão para outras modalidades no “país do futebol”.
A maratona dominical esportiva foi um dos muitos projetos criados por Luciano do Valle que, além de brilhante narrador, fez mais pelo chamado “esporte amador” do que qualquer dirigente.
Foi um visionário ao acreditar no vôlei (quem, 30 anos atrás, diria que o Brasil se tornaria a maior potência da modalidade?). Pioneiro ao abrir espaço em tevê aberta para esportes aquáticos, artes marciais, atletismo, sinuca, hóquei, hipismo, motocross, ginástica artística e categorias do automobilismo antes desconhecidas do grande público como as fórmulas Truck e Indy. Ajudou a alçar as geniais Paula e Hortência ao estrelato no basquete feminino. Construiu a carreira de Maguila para ser o primeiro peso-pesado brazuca a se aproximar do topo do ranking mundial. No futebol, sempre apostou nas meninas e foi o primeiro a transmitir campeonatos internacionais, começando pelo italiano. E nos apresentou os espetáculos das ligas americanas NBA e NFL.
O espaço aberto por Luciano do Valle na programação da Band fez crescer o investimento da iniciativa privada e abriu os olhos dos governantes – ainda que de forma tímida. Assim, o desempenho brasileiro em Jogos Olímpicos melhorou consideravelmente a partir de Barcelona/1992. Infelizmente, o sonho que cultivava – ver o país se tornar uma potência olímpica, com um investimento massivo no esporte desde a base – está longe de se realizar.
Portanto, sua morte não deixa apenas uma lacuna irreparável na locução esportiva. Não é exagero afirmar que o esporte nacional se divide em “antes” e “depois” de Luciano do Valle.
Em defesa da Rachel – Recebi várias mensagens de fãs da Rachel Sheherazade por conta de meu último comentário sobre a moça. Quem acompanha esta coluna sabe que abordo os comentários da âncora do SBT desde o ano passado. Sinceramente, não vejo coragem alguma em incentivar a violência, ou então em defender Justin Bieber e suas “peripécias” no Brasil, o polêmico sr. Marco Feliciano ou o Instituto Royal (devidamente fechado por maltratar os animais que usava para experiências) – ocasião em que a sra. Rachel já deixara claro seu nível de desinformação a respeito de certos temas.
Nas oportunidades em que escrevi a respeito dela, não fiz um único comentário de cunho político, e reitero: a pluralidade é importantíssima para o debate, porém liberdade de expressão não pode ser confundida com libertinagem. Para emitir opiniões em um telejornal é preciso agir com responsabilidade, e não discursar como um radical fanático que emite verdades absolutas, independente de pender para este ou aquele lado. Aliás, não é à toa que um dos defensores mais ferrenhos da jornalista é o pastor Silas Malafaia…
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