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Márcio França aposta em Eduardo Campos e admite disputar Governo de São Paulo

21/03/2014Jornal da Orla
Márcio França aposta em Eduardo Campos e admite disputar Governo de São Paulo | Jornal da Orla
Deputado federal, presidente estadual do PSB e um articulador político de primeira, Márcio França está convencido de que seu candidato, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, com o apoio de Marina Silva, irá passar para o segundo turno e disputar a eleição com a presidente Dilma Rousseff (PT). Em São Paulo, apesar de pessoalmente defender uma coligação com o PSDB, ele admite disputar o Palácio dos Bandeirantes. As declarações foram dadas durante participação no programa Jornal da Orla na TV. Veja abaixo os principais trechos da entrevista:
 
Como é que está a campanha a presidente de seu candidato, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos?
 
Márcio França – Acho que está muito bem. Esse é um ano diferente, teve carnaval tarde, vai ter Copa do Mundo que, de fato, tira um pouco da atenção. Mas, no nosso mundo da política, a campanha já começou. O Eduardo acertou essa vice com a Marina (Silva) que é uma forte concorrente. Juntos, vão enfrentar a Dilma, que é uma mulher honrada, digna, mas de fato não conseguiu fazer o país andar. Problemas graves em energia, falta de água, e a própria relação dela com a administração, resultado de um pacto político velho. Sarney, Renan, essas pessoas, é uma foto velha. Ela foi tentar fazer a mudança e não conseguiu. Eu acho que o Eduardo e a Marina vão conseguir.
 
O senhor está muito entusiasmado com a campanha do Eduardo Campos e acredita que ele será o próximo presidente do Brasil. Mas as pesquisas não indicam isso, o Eduardo Campos é desconhecido para a maioria dos brasileiros. Baseado em que o senhor acredita que ele pode ganhar essa eleição?
 
Márcio França – Veja, a gente aprende também errando. O episódio recente em São Vicente (quando meu filho, Caio, candidato a prefeito perdeu uma eleição em que era franco favorito) me chama atenção o fato da eleição inusitada. Poucas pessoas achavam que meu adversário iria ganhar. E ele ganhou exatamente porque havia um sentimento de tentar mudar, que se sobrepôs a tudo. Era uma critica generalizada que queria uma coisa nova, mesmo que não fosse a melhor. Como agora está demonstrado que não é, porque o governo está indo muito mal. Então não foi ele que ganhou, fomos nós que perdemos. Hoje, há uma insatisfação coletiva. As pessoas separam o governo do Lula porque ele era simpático, sabia levar. Então quando a gente faz uma pesquisa qualitativa, aquela mais esmiuçada, a gente percebe que ela vai ter entre 35 e 40% dos votos no país inteiro. Agora por que as pesquisas são acima de 40%? Se eu disser ao telespectador, vem cá, vamos tomar um refrigerante. Eu tenho Coca-Cola, Jesus e Cajuína. Jesus, é uma bebida cor-de-rosa do Maranhão e Cajuína é o grande refrigerante do Piauí. Então, se você estiver em São Paulo, você nunca ouviu falar em nenhum dos dois.  A tendência é você optar pela coca-cola. Quando o pesquisador mostra os três nomes: Eduardo, Aécio e Dilma, a esmagadora maioria não conhece o Eduardo. Ele é conhecido apenas por 20% dos brasileiros. E, dos 20%, ele tem 9 pontos quase metade dos pontos. Quando você põe o Eduardo com a Marina, sobe para 25 pontos. Então é baseado nesse número que eu acredito em segundo turno. E que Eduardo irá para o segundo turno. 
 
Então o senhor acha que o Eduardo Campos pode ser a terceira via?
 
Márcio França – Eu acho. Porque no fundo não é nem PT e nem PSDB, não são demônios e nem anjos. Mas é que eles ficaram tão antagônicos uns aos outros, que quando um ganha o outro quer derrubar, e o povo está ficando cansado. O Brasil teve momentos importantes da ditadura e o velho PMDB foi quem nos deu o legado da democracia, o Ulisses, a Constituição, a democracia. Mas houve uma nova fase na sequência. Foi quando o Collor se elegeu, mas ele não foi bem e aí veio  o PSDB que lutou pela estabilidade financeira e coisas importantes para a economia do país e foi uma fase, de 10, 15 anos, importante. E depois disso veio a fase do PT, com inclusão social, com novas camadas assumindo uma parte financeira importante do país, pessoas melhorando de renda, mas está faltando um novo governo que possa dar às pessoas qualidade de serviço publico.  Esse é o novo ciclo. Você não precisa ter uma saúde publica igual à da Suécia, somos um país tão grande, mas claro não dá para ter uma saúde como temos hoje, que é ruim. E, aí, você vê o ex-ministro da Saúde disputar o cargo de governador do Estado de São Paulo. Se ele não conseguiu fazer um bom serviço na saúde, como vai ser um bom governador? 
 
Outra eleição muito importante é para o governo de São Paulo. O senhor sempre disse que tinha o sonho de ser governador. O Márcio França sai candidato a governador de São Paulo?
 
Márcio França – Posso sair. Eu continuo insistindo com meu partido, que eu acho que a melhor estratégia será o Eduardo Campos compor a chapa com o governador Geraldo Alckmin, que é uma pessoa indônea, as pessoas reconhecem como sério, tem um tempo longo de governo, tem os seus desgastes, mas é um homem sério.  Mas a Marina e o Eduardo têm insistido para que nós tenhamos uma candidatura. Então, se houver uma candidatura em São Paulo, eu devo ser candidato a governador de São Paulo, sim. Vai ser um grande desafio, mas não é tão diferente de outros desafios que eu já tive em minha vida. E o que anima na política é o desafio.

Lula gostou do veneno de Collor

Na disputa eleitoral de 1989, a primeira eleição direta do Brasil pós-ditadura militar, Fernando Collor, que se intitulava o caçador de marajás, fez o diabo contra Lula da Silva. Disse que o petista exigira que a namorada fizesse um aborto e que Lula representava um perigo para a economia brasileira. O veneno funcionou e Collor foi eleito presidente. Deu no que deu.
 
Hoje, Lula e Collor são bons companheiros e integram um time que tem ainda Renan Calheiros, José Sarney e outros velhos coronéis da política. E Lula parece que gostou do veneno. Tanto que repete a fórmula. Em recente reunião com empresários, Lula comparou o candidato do PSB, Eduardo Campos, a Collor (não o amigo, mas o inimigo do passado), dizendo que o “novo pode ser uma aventura para o país”.
 
Campos respondeu com o mesmo slogan que Lula usou para chegar à presidência: “A esperança vai vencer o medo”. 
 
Como no livro “A revolução dos bichos”, de George Orwell, no Brasil atual, não se sabe mais quem é bicho, quem é gente!