A conversa é aquele batida de “seriedade, compromisso com a verdade etc”. Aconteceu depois de uma série de matérias cobrindo o caso do cinegrafista Santiago Andrade, da Band, morto após ser atingido por um morteiro durante a cobertura de uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro.
Não foi a primeira vez que vi esse tipo de atitude no jornalismo global. Pra que fazer isso? Quem é bom e realmente sabe disso, não precisa ficar dizendo aos quatro cantos. Encontrei definições de que o autoelogio pode ser considerado o substituto do elogio que não aconteceu. Uma agressão à capacidade crítica dos que a tudo assistem e que conhecem a realidade. Um menosprezo pela inteligência alheia. Uma tentativa de impor uma imagem distorcida, antes que o outro compreenda e constate por si mesmo a realidade efetiva.
Aí, eu entendi!
A Globo deu um espaço gigantesco ao acidente e posterior morte de Santiago, maior até que o da própria Band. Não que o caso não merecesse destaque, pelo contrário. O problema foi a abordagem.
Desde o “Fantástico” do domingo (9), a emissora passou a dedicar-se bastante a uma suposta ligação entre manifestantes envolvidos no caso e o deputado Marcelo Freixo, do PSOL. No programa, exibiu uma das reportagens mais confusas que eu já vi, repercutida no dia seguinte, no portal G1, com o título: “Estagiário de advogado diz que ativista afirmou que homem que acendeu rojão era ligado ao deputado estadual Marcelo Freixo”. Deu pra entender?
Durante a semana, editorias do jornal “O Globo” também se esmeraram para tentar associar a morte do cinegrafista ao deputado.
Curiosamente, Freixo concedeu uma entrevista em meados de janeiro criticando a forma como as Organizações Globo atuam no Rio (e não foi a primeira vez que fez isso). “Tratam dessa cidade como grandes negócios… A Fundação Roberto Marinho tem uma série de negócios com as secretarias de Educação, tanto do Estado quanto do Município. A Rede Globo tem, no projeto de cidade, uma cidade que ela defende. E também com um viés muito autoritário”, afirmou.
Portanto, estaria a trágica morte de Santiago Andrade sendo utilizada para que o maior conglomerado de comunicação do país ataque um desafeto? Como classificar o uso político de um fato lamentável como este?
Ah! William Bonner, também li que auto-elogio é uma manifestação que demonstra “o desespero de um incapaz”. Incapaz de merecer um mínimo de credibilidade.
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